CIÊNCIA

Técnica desenvolvida na Suécia identifica bactérias em praias e piscinas em apenas 20 minutos

Método desenvolvido por universidades promete agilizar o monitoramento da qualidade da água e reforçar a proteção da saúde pública

Montagem ilustrativa - Pexels

É possível saber se a água de uma praia ou piscina está contaminada antes mesmo de o banhista entrar no mar? Pesquisadores da Universidade de Lund em parceria com a Sweden Water Research e a Universidade de Kristianstad, acreditam que sim.

Uma técnica inovadora testada na cidade de Helsingborg, na Suécia, consegue detectar bactérias e outros patógenos em cerca de 20 minutos, um avanço expressivo em relação aos métodos tradicionais, que levam dias para apresentar resultados.

A rapidez do novo sistema representa um ganho direto para a saúde pública, especialmente em áreas balneares urbanas. Com o avanço da urbanização e as mudanças climáticas, cresce a procura por locais de banho em canais, portos e praias próximas a pontos de descarga de esgoto tratado ou de águas pluviais, o que eleva o risco de exposição a microrganismos nocivos.

Como funciona a nova análise bacteriana
Até agora, a principal forma de monitoramento envolvia o cultivo da bactéria Escherichia coli, usada como indicadora de contaminação fecal, um processo lento e sujeito a atrasos críticos. “A E. coli funciona como um sinal de alerta de que microrganismos causadores de doenças podem estar presentes na água”, explica Catherine Paul, professora associada de engenharia de recursos hídricos da Universidade de Lund, em declarações divulgadas pela instituição.

 

A nova abordagem analisa toda a comunidade bacteriana da amostra por meio da citometria de fluxo, tecnologia que utiliza lasers para examinar células em líquidos, combinada a algoritmos de aprendizado de máquina. O desenvolvimento contou com a participação de Isabel Erb, doutoranda em microbiologia técnica na Universidade de Lund e na Sweden Water Research, e do cientista da computação Niklas Gador, da Universidade de Kristianstad.

Entre os principais benefícios estão a velocidade da análise, o custo reduzido e a possibilidade de automação, além de menor dependência de pessoal altamente especializado quando comparada a testes como o PCR. Segundo Erb, o software é de código aberto e pode ser adotado por outras instituições, desde que haja acesso a um citômetro de fluxo, conforme informado pela Universidade de Lund.

Os testes em Helsingborg indicam que o sistema alcança cerca de 80% de confiabilidade na identificação da presença e da quantidade de E. coli, além de permitir análises contínuas a cada 30 minutos. Para os pesquisadores, o método pode, no futuro, ajudar a identificar a origem da contaminação e ser expandido para o monitoramento da água potável, fortalecendo a prevenção de riscos à saúde e a gestão sustentável dos recursos hídricos.