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Correios: transformar empresa em economia mista é "terceira etapa" de plano de reestruturação

Lula citou possibilidade encontro com jornalistas, mas medida não seria para agora

A possibilidade de transformar os Correios em sociedade de economia mista foi citada pelo presidente Lula nesta quinta-feira (18) - Ricardo Stuckert/PR

A direção dos Correios pretende contratar em 2026 uma empresa de consultoria e um banco de investimentos para apresentar soluções que permitam à estatal competir com gigantes estrangeiros do setor de logística e transporte e voltar a dar lucro.

A medida consta do plano de reestruturação dos Correios e seria a terceira etapa, após regularização das dívidas em atraso, corte de gastos com pessoal e operacionais e formação de parcerias para ampliar o leque de serviços.

Segundo a direção da estatal, há duas possibilidades sobre a mesa que são a transformação da empresa em uma sociedade de economia mista e formação de parcerias abrangentes com o setor privado, inclusive bancos.

A transformação dos Correios em economia mista implicaria na abertura de capital para atrair investidores privados, mantendo o controle da União. Um exemplo de empresa de economia mista é o Banco do Brasil.

A possibilidade de transformar os Correios em sociedade de economia mista foi citada pelo presidente Lula nesta quinta-feira. Em encontro com jornalistas, o presidente descartou privatização da empresa.

— Enquanto eu for presidente não tem privatização. O que podemos ter é parceria com empresas, como italianos que têm interesse em parceira. Pode ter parceria, economia mista, mas privatização não vai ter — disse.

O presidente disse que delegou à ministra da Gestão, Esther Dweck, a solução para essa crise.

— Ester tem que nos entregar os correios recuperados, não tenho interesse em ver os correios dando prejuízo, o povo brasileiro não tem que conviver com isso.

Segundo a direção da empresa, a ideia de contratar uma consultoria é para levantar quais são as reais possibilidades no mercado. Um processo de abertura de capital costuma demorar dois anos, em média, quando se trata de uma empresa saudável financeiramente. No caso dos Correios, o processo é ainda mais complexo, disse um interlocutor.

Os Correios são uma empresa totalmente estatal, não dependente do Tesouro Nacional pela capacidade de gerar receitas. Contudo, a empresa vem acumulando seguidos prejuízos. Se nada for feito, a previsão é que o rombo nas contas da estatal chegue a R$ 23 bilhões em 2026.