Mercosul

Haddad diz que "se for pouco tempo, vale a pena esperar" por acordo entre Mercosul e União Europeia

Ursula von der Leyen, informou aos líderes europeus que a assinatura será adiada para janeiro

Na mensagem a Macron, o ministro afirmou que defendeu que o acordo não era só comercial, mas geopolítico e que daria um sinal claro para o mundo - Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que vale a pena insistir um pouco mais e esperar pela assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Haddad revelou que procurou o presidente da França, Emmanuel Macron, um dos maiores opositores ao acordo, nesta quarta-feira, que disse que eram necessárias mais conversas.

Na mensagem a Macron, o ministro afirmou que defendeu que o acordo não era só comercial, mas geopolítico e que daria um sinal claro para o mundo.

— Eu e o presidente Macron nos tratamos como amigos. Ontem, não resisti e mandei uma mensagem, dizendo que o que estava em jogo, de que não era só um acordo comercial. Era um acordo de natureza política, com sinal claro para o mundo, de que não podíamos voltar para um ambiente de tensão entre dois blocos fechados. Tínhamos que abrir uma seara na esfera geopolítica. O acordo UE-Mercosul era essa clareira que o mundo precisa — disse Haddad, em conversa com jornalistas.

Segundo Haddad, o presidente francês respondeu gentilmente, disse que tinha apreço pelo Brasil, mas que tinha necessidade de mais conversas. Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou que também conversou com a presidente da Itália, Giorgia Meloni, e que ainda tem esperança de assinar o acordo. Ela teria dito que não era contra, mas que precisava convencer os agricultores italianos.

Lula tem expectativa de conseguir a assinatura na cúpula do Mercosul, no próximo sábado, em Foz do Iguaçu. Os dois países são os mais resistentes na Europa ao acordo, com o argumento que a entrada de produtos sul-americanos podem prejudicar produtores agrícolas franceses e italianos.

— Eu diria que vale a pena insistir um pouco mais. Primeiro, não há prejuízo de agricultores italianos e franceses. Tem uma exploração barata dessas pessoas. Isso não corresponde ao acordo, que tem salvaguardas muito importantes. Se os países da Europa estão precisando de mais tempo para esclarecer isso para os produtores rurais, penso, que se for pouco tempo, vale a pena esperar — afirmou.

A fala de Haddad foi feita antes de a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, informar aos líderes europeus, durante uma reunião de cúpula da União Europeia, que a assinatura do acordo será adiada para janeiro.

A decisão frustra as expectativas do presidente Lula, que esperava receber Ursula na reunião do bloco sul-americano em Foz do Iguaçu, no fim de semana, para assinar o acordo e encerrar 26 anos de uma conturbada negociação.

A Comissão Europeia queria que o pacto, que criaria a maior zona de livre comércio do mundo, fosse selado nesta semana, mas o plano foi frustrado depois que a Itália se somou à França para exigir um adiamento, com o objetivo de buscar maior proteção para o setor agrícola.

Mais cedo, Lula disse que telefono para a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que resiste à assinatura do acordo neste fim de semana, como inicialmente esperado pelo Brasil, que sediará encontro do Mercosul em Foz do Iguaçu.

Segundo Lula, no telefonema Meloni relatou não ser contra o acordo, mas que está vivendo embaraço político por conta de agricultores de seu país insatisfeitos com a negociação. Meloni, disse o presidente brasileiro, pediu mais tempo para conseguir avaliar o acordo.

— Ela então pediu que, se a gente tiver paciência de uma semana, de dez dias, de no máximo um mês, a Itália estará junto com o acordo. Eu disse para ela que vou colocar o que ela me falou na reunião do Mercosul e vou propor aos companheiros decidirem o que querem fazer — disse o presidente.