Selic não chegou a 15% por causa da política fiscal, diz Haddad
Para ministro, nunca houve uma divergência com o Banco Central em relação à direção da política monetária, mas sobre a dose
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu que foi necessário um choque de juros no início deste ano para domar a inflação após a crise gerada pelo anúncio da reforma do Imposto de Renda no fim de 2024, mas negou que a escalada até 15% tenha sido resultado de uma piora fiscal.
— Não acho que a taxa de juros tenha chegado a 15% por causa do fiscal, foi pela desancoragem do ano passado, que foi muito forte. A discussão sobre o projeto do imposto de renda foi uma das coisas mais perniciosas que aconteceram neste governo. Mas o choque de juros não tinha o que fazer — disse, em entrevista à imprensa.
Segundo o ministro, nunca houve uma divergência com o Banco Central em relação à direção da política monetária, mas sobre a dose.
— Não teve divergência em relação à direção a ser tomada — disse. — Nós entendíamos que naquele momento era necessário, no começo do ano passado, dar uma centralização clara de que a gente não ia descuidar da inflação.
O chefe da equipe econômica afirmou que essa discussão é natural e que é exatamente o que mercado faz: dá subsídios ao BC. Segundo ele, a Fazenda olha o quadro geral, como a inflação, arrecadação e emprego.
— Eles também olham, mas as lentes são um pouco diferentes
Haddad ainda repetiu que reconhece as "circunstâncias" que o presidente do BC, Gabriel Galípolo, antes número 2 na Fazenda, herdou da gestão anterior, citando também os problemas com as fintechs e do caso Master.