Gelos baianos com os dias contados na avenida Norte

Prefeitura prepara projeto para instalar postes no centro da via, o que demandará a retirada de blocos de concreto

Avenida Norte - Henrique Genecy/Folha de Pernambuco

Símbolo do império dos chamados gelos baianos no Recife, a avenida Norte está nos planos da Prefeitura (PCR) para se ver livre dos blocos de concreto que separam suas pistas. Um projeto de nova iluminação pública está sendo preparado para o logradouro e deve fazer com que os postes passem a ocupar o centro da via. Desse modo, no lugar dos gelos baianos, haveria um canteiro central. Com a medida, praticamente metade dos 4,5 mil blocos ainda existentes na Capital seria extinta, um avanço no cronograma já atrasado de retirada desses equipamentos das vias da Cidade.

Atualmente, seis quilômetros da avenida Norte ainda contam com as estruturas de concreto como divisórias dos dois sentidos de circulação. Em 1,4 quilômetro entre o viaduto que cruza a avenida Agamenon Magalhães e a rua da Aurora, no bairro de Santo Amaro, um canteiro central de um metro de largura foi implantado em 2011 como parte de um projeto de requalificação que também contemplou a construção de baias para a parada de ônibus, de novas calçadas e de uma ciclovia bidirecional. Na ocasião, os postes foram colocados no centro da via, como se avalia fazer na etapa que está por vir. Na altura do bairro da Macaxeira, também há um pequeno trecho sem os gelos baianos, com amplas calçadas e árvores.

O biscateiro José Antônio Barbalho, 70 anos, mora em Abreu e Lima, mas costuma arranjar trabalho na Zona Norte do Recife. Ele diz que os gelos baianos são muito comuns na Capital e que, se fossem retirados, seria melhor. "A gente atravessa entre eles, não é algo 100% seguro. Parecem uns trambolhos no meio da rua. Se tirassem, ia ficar mais bonito", avaliou, após atravessar a avenida Norte na altura da Encruzilhada.

Os gelos baianos se espalharam pelo Recife de maneira mais intensa nos anos 2000. Eles protegem refúgios para pedestres, separam sentidos de circulação e interditam cruzamentos, mas, pintados de amarelo e pesando quase meia tonelada, soam agressivos à paisagem. Deveriam ser estruturas provisórias, mas acabaram ficando. Em 2013, a PCR lançou uma série de iniciativas para substitui-los por canteiros centrais. Fez isso em boa parte da avenida Mascarenhas de Morais, na Imbiribeira, que era tomada pelos blocos em antigas aberturas para giros à esquerda desativadas nos anos 90. Contudo, ainda ficaram equipamentos do tipo nas proximidades do Viaduto Tancredo Neves e em um dos acessos ao Aeroporto. A ideia era remover todos os blocos de concreto até 2015. O prazo foi postergado para o fim de 2016 e, novamente, não foi cumprido.

Em nota, a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb) informou que 522 gelos baianos foram substituídos desde 2013 e garantiu que o projeto de remoção "continua em andamento". Destacou que, como é necessária a construção de canteiros no lugar dos antigos equipamentos, a ação demanda a elaboração de projetos e a alocação de recursos. Além da Mascarenhas de Morais, já receberam a iniciativa as avenidas Mário Melo e João de Barros, as ruas do Espinheiro e Padre Roma, o girador da Ilha do Leite e o cruzamento entre as ruas Dom Bosco e Manoel Borba. Sobre a avenida Norte, a autarquia afirmou que o projeto de iluminação pública "trará um impacto bastante positivo para o corredor viário, inclusive na iniciativa de retirada dos gelos baianos ao longo da via", e que a novidade será anunciada em breve pela gestão municipal.