Reposição hormonal exige cuidado
Em busca de mais masculinidade, potência e energia, o coringa dos homens é a testosterona
Virilidade. Palavra que ronda o imaginário da maioria dos homens, principalmente, quando o temor é perdê-la. Em busca de mais masculinidade, potência e energia, o coringa deles é a testosterona. O hormônio seduz pelos efeitos estéticos, mas pode trazer riscos associados se administrado sem orientação.
O uso tem indicações específicas para que não haja um comprometimento da saúde como o desenvolvimento de câncer e problemas cardiovasculares. As doses só são recomendadas para pacientes com deficiência de produção natural da substância e que não tenham diagnóstico conhecido de câncer de próstata.
Para os pacientes oncológicos já tratados, a terapia de reposição só pode ser prescrita quando o teste de PSA estiver normalizado e não seja mais detectável qualquer atividade da neoplasia. O alerta geral é a contraindicação da testosterona apenas para proveitos de embelezamento, como ganho de músculos e definição corporal.
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O urologista Leonardo Gomes comentou que a doença androgênica do envelhecimento masculino (Daem), anteriormente chamada de andropausa, é uma das condições que leva a prescrição de reposição de testosterona.
“O paciente com esta síndrome tem geralmente associada à obesidade, diminuição dos níveis de testosterona, falta de libido e perda muscular, entre outros sintomas. Ela está relacionada ao estresse, tabagismo e há o componente hereditário. A doença precisa ser tratada porque aumenta os riscos de outras doenças, como as cardíacas”, disse.
Mesmo nos casos diagnosticados da síndrome Daem é preciso se certificar que o homem está sadio e apto para a harmonização segura. Neste caso, sem presença de neoplasia da próstata, seja já diagnosticada ou não.
“Em pacientes com câncer de próstata ainda não detectado, o uso inadequado da testosterona pode fazer com que o câncer se manifeste, cresça. O hormônio não causa o tumor de próstata, mas alimenta o câncer preexistente que ainda não tenha sido descoberto”, explicou o presidente da regional Pernambuco da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Fábio Moura.
Tanto a Sbem quando a Sociedade Brasileira de Urologia desaconselham a utilização da testosterona em pessoas com níveis normais do hormônio, mas que por estética buscam na substância corpos mais esculpidos e fortes. “Este tipo de uso para melhorar performance é contraindicado porque aumenta o risco de esterilidade, atrofia dos testículos, hipertrofia cardíaca (coração crescido), o aumento de glóbulos vermelhos do sangue e os acidentes vasculares cerebrais (AVC) vascular e isquêmico. Além disso potencializa a ocorrência de câncer de fígado”, alerta Leonardo Gomes.
“Existe uma associação entre níveis de testosterona mais baixos e chance da pessoa ter infarto, AVC e até morrer. Estudos mostram que testosterona baixa é marcador de mortalidade. Por outro lado, quando ela aumenta demais, principalmente se injetada, triplicam as ocorrências de morte por infarto ou AVC. Sem indicação médica e se for elevada a níveis supra fisiológicos é um grande risco”, reforçou Fábio Moura.