Espetáculo de alunos do Compaz conta a história do Alto Santa Terezinha

'Tereza: uma luz chamada resistência' estreia no Teatro Luiz Mendonça, neste domingo (26), às 17h

Liliane Freitas, que assina as coreografias, criadas em conjunto com os integrantes - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Para saber de Tereza, o melhor mesmo é perguntar a ela. E suas primeiras palavras são: "É daqui deste auto, que consigo enxergar. Foi aqui que cresci e aprendi a amar...". E foi isto que fizeram os alunos do Compaz Eduardo Campos, que foram em busca de suas próprias raízes para contar a história do lugar onde vivem em seu primeiro espetáculo artístico-cultural, "Tereza: uma luz chamada resistência".

A montagem sobre o Alto de Santa Terezinha, comunidade do Recife que fica ao final da avenida Beberibe, estreia neste domingo (26), do outro lado da cidade. Será às 17h, no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem.

No palco, 56 crianças, adolescentes e adultos, com idades dos 6 aos 31 anos, sob a direção de Gilblênio Saadh (Roxinho), com coreografias de Liliane Freitas, que também cuidou dos adereços e figurinos, em criação coletiva com a ajuda dos alunos e de algumas suas mães. Os ingressos custam R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada).

No enredo, a protagonista Tereza (Nycolle Wellen, 17 anos recém-completados e que mostra uma garra incomum para alguém sem tanta experiência cênica) passa por três momentos cronológicos para detalhar como surgiu o Alto de Santa Terezinha e o quanto de cultura também pulsa no lugar, mais acostumado a estar nas páginas dos jornais devido a situações de violência e pobreza.

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Na década de 1980, são citados do Gigantes do Samba ao Clube Bela Vista. No anos 1990, o Maracatu Nação Raízes de Pai Adão e o Estrela Brilhante. Até chegar aos dias atuais, passando pelo brega e funk.

O Compaz existe há um ano e oito meses e esta é a primeira montagem a que os alunos se dedicam. Eles estão ensaiando desde o mês de agosto. "Estamos falando da comunidade, de resistência, da importância do frevo, do caboblinho, do maracatu para a nossa cultura. E também fazemos uma homenagem a Chico Science, e mostramos as atividades desenvolvidas no Compaz, como o balé clássico, a dança contemporânea e a capoeira", detalha Liliane Freitas.

O diretor geral, Gilblênio Saadh (Roxinho), comenta a satisfação com a estreia. "A arte me resgatou, sou artista há 22 anos. Poder fazer isto pelos outros, prova que estamos indo no caminho certo. O teatro vai ser a prova dos nove, pois são várias idades entre os meninos, várias cabeças pensando juntas", comenta ele, que leva o apelido por só se vestir com a cor roxa.

Para Nycolle Wellen, a Nicky, a expectativa é muito grande. "É um espetáculo que trata da cultura negra, de como podemos lutar por direitos melhores em sociedade", ressalta a atriz e cantora, que mora no Alto desde que nasceu e cursa o 1º ano do Ensino Médio, em Água Fria.

Serviço:
Musical "Tereza: uma luz chamada resistência"
Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu (Avenida Boa Viagem, s/n, Boa Viagem)
Neste domingo (26), às 17h
Informações: (81) 3355-9821