Os Novos Baianos trazem a poesia do Acabou Chorare ao Recife
O grupo sobe ao palco do Classic Hall nesta sexta-feira (1º), com repertório que relembra o tempo em que moravam juntos
Baby do Brasil, Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão finalmente estarão reunidos no Recife. Trazem a poesia e a esperança do Acabou Chorare ao palco do Classic Hall, nesta sexta (1º), às 21h. A cadência do samba no melhor estilo Novos Baianos promete encantar ainda mais os fãs, que já não se aguentam de ansiedade. É que o show estava marcado para agosto e precisou ser remarcado por causa de complicações de saúde de Moraes.
Mas já está “tudo bem, tudo certo” com o baiano, que concedeu entrevista exclusiva ao site RJ. Adiantou as homenagens que a banda vai fazer na apresentação, falou sobre a relação com os fãs mais jovens e tantos outros assuntos. Confira:
Site RJ - De onde veio a ideia de voltar com a banda?
Moraes - A ideia de reunir o grupo partiu da Bahia, a partir da reinauguração da Concha Acústica do Teatro Castro Alves, onde tivemos apresentações históricas. Eles nos convidaram para fazer a festa de reinauguração junto com Maria Bethânia e outros nomes.
A princípio, eu não tinha nenhum plano de volta com os Novos Baianos, de show com os Novos Baianos, mas a solicitação chegou muito forte e tive um apelo que Baby do Brasil fez para mim, que a gente fizesse shows juntos, para que a gente voltasse, que a Bahia estava nos chamando. Então resolvi fazer e aconteceram em maio, duas apresentações lotadas na concha. A partir daí, nós desenvolvemos a ideia da turnê.
Site RJ - Existe alguma possibilidade de canções inéditas em conjunto?
Moraes - No show, nós não estamos preocupados com músicas inéditas, vamos cantar o repertório histórico dos Novos Baianos, baseado principalmente no álbum Acabou Chorare. Outras canções de outros discos também entrarão, e teremos homenagens a João Gilberto e a Tom Zé.
Moraes Moreira revelou a paixão pelo Recife e pela música pernambucana - Crédito: Divulgação
Site RJ - Qual é a relação dos integrantes com Pernambuco?
Moraes - Nós temos lembranças de shows que fizemos aí, na outra reunião. Passamos por Recife, ficamos aí uma semana, jogamos futebol contra o time juvenil do Santa Cruz, inclusive perdemos. Fizemos um show bacana. Temos boas lembranças. Eu, pessoalmente, tenho ótimas lembranças de Recife. Tenho ligação com Pernambuco. Sou amigo do Estado.
Já participei de vários carnavais de Recife, e o Maestro Duda já disse pra mim que ia me dar um diploma de frevista. Tenho muitos amigos, muitas amigas de Recife. É uma cidade que eu amo, adoro a sua cultura, é maravilhosa e eu sempre procuro estar atualizado com tudo o que acontece em matéria de cultura em Recife.
Site RJ - Grande parte do público de vocês é de jovens. Como enxergam essa atemporalidade da obra do grupo?
Moraes - A juventude tem sido o nosso maior público nestas viagens pelo Brasil afora. Garotos de 16 e 17 anos dizendo que queriam ter morado no sítio com a gente, que queriam ter pertencido à nossa geração, para curtir de perto o que os Novos Baianos fizeram nos anos 70. A gente fica feliz de saber que a nossa música tem uma permanência muito grande, principalmente no coração dos jovens. Isso é o nosso futuro garantido.
Site RJ - Haverá alguma homenagem ao Recife ou a alguém especial?
Moraes - Com certeza alguma homenagem a Recife eu vou fazer, mas isso é segredo. Vocês vão ouvir no show.
Site RJ - O que podemos esperar da apresentação?
Moraes - Podem esperar um show quente, um show diversificado, um show de música brasileiríssima e universal. Estamos todos aí, tocando o repertório. Acabamos de gravar o DVD. Estamos com o show na estrada há algum tempo, e, com certeza, a nossa expectativa para o show em Recife é a melhor possível.
Site RJ - Depois de viverem tudo o que a ditadura trouxe, qual é a visão de política que vocês têm agora?
Moraes - O que a gente comenta entre nós é que parece que todo vez que o Brasil vive uma situação ruim, a gente tem que aparecer para levantar a autoestima do povo brasileiro e para dizer: Brasil, esquentai vossos pandeiros. Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar o seu valor.
O homem, como dizia Aristóteles, é animal político. Precisa da política para viver. Nós precisamos da política, mas a política, no Brasil, virou uma atividade criminosa e isso tem que acabar. Eu acho que nós estamos passando por este processo e acredito que, daqui a mais um pouco, nós teremos um novo Brasil.
Site RJ - Quais os nomes da nova geração que vocês admiram?
Moraes - Queria fazer um destaque para a cena musical pernambucana, desde de Chico Science que eu venho admirando vários nomes da música pernambucana. Eu acho que, em Pernambuco, existe uma renovação muito grande da música brasileira e todo o Brasil precisa estar atento a isto, como eu sempre estive. Desde Chico Science, quando assisti ao seu show pela primeira vez e levei um susto.
Achei também que parecia muito com os Novos Baianos, era uma turma boa, uma turma bacana. O Brasil é um país que está sempre se renovando, principalmente em termos de música e de cultura em geral. Acredito que os valores estão aí para gente observar. Embora a internet hoje seja um palheiro onde para achar uma agulha é difícil.