Filme retrata um Reginaldo Rossi além do universo do brega

Documentário é exibido, para convidados, nesta terça-feira (5), no Shopping Recife; e passará, domingo, na Globo

Reginaldo Rossi, cantor - Diego Nigro/Arquivo Folha

"Rei do Brega" é uma forma de remeter a Reginaldo Rossi (1944-2013), mas sua carreira é mais diversa do que os limites do gênero. O filme "Reginaldo Rossi, meu grande amor", dirigido por José Eduardo Mignoli e escrito por Helder Aragão (DJ Dolores), que será exibido pela primeira vez neste domingo (10), na Rede Globo, depois do Fantástico, contribui para ampliar o entendimento sobre o artista. O documentário, produzido pela RTV produções e Globo Filmes, será projetado nesta terça-feira (5), no Shopping Recife - apenas para convidados.

Personagem
O longa-metragem traz uma entrevista inédita de Reginaldo, feita há 10 anos, e recorre ao filho do cantor, Roberto Rossi, para interpretar o músico na fase jovem. "Descobrimos essa entrevista inédita, e aí começamos a buscar uma forma de integrar ela ao filme. As coisas foram tomando forma. Conversando com Helder, a gente foi achando caminhos. Encontramos essa forma de ficcionalizar a vida do Reginaldo jovem, baseado nos depoimentos dele. Na entrevista ele conta fatos da primeira fase de sua carreira", explica José Eduardo, que ano passado dirigiu o documentário "Caranguejo elétrico", sobre Chico Science.

"No primeiro contato que tive com Roberto criamos uma relação bacana e eu soube que ele era ator. E coincidentemente ele é absurdamente parecido com o Reginaldo quando jovem. Isso foi até algo que nos assustou. Tem inclusive o mesmo tom de voz", diz o diretor. "Ele estava relutante de representar o pai, e conversando com Helder colocamos para ele que nossa construção desse personagem estava pautada nas memórias do Reginaldo enquanto personagem. Ele meio que criou uma mitologia, então nós construímos sem nenhum compromisso com a realidade. Reginaldo é uma figura alegórica", destaca.

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Entrevistas
O filme reúne depoimentos de artistas que de alguma forma compartilharam momentos importantes com Reginaldo, como os cantores Falcão, Gaby Amarantos e Marcelo D2, além dos escritores Raimundo Carrero e Xico Sá. "Decidimos dividir o filme por fases e buscar personagens que foram relevantes em cada etapa da carreira dele", diz José Eduardo. "Queríamos personagens relevantes e que trouxessem conteúdos de cada período, para ter um equilíbrio e construir a narrativa", ressalta.

"Algumas pessoas acabaram trazendo fatos inusitados e bastante relevantes para o filme. Nessas conversas você acaba descobrindo coisas super interessantes, como, por exemplo, que Marcelo D2 atribui ao Reginaldo a ideia de revisitar canções do passado, como 'Maldição do Samba'. Com essas histórias você acaba percebendo o quanto ele está presente na obra de um monte de gente. Houve depoimentos absurdos. A Gaby Amarantos foi muito legal, trouxe um conteúdo super bacana, inusitado", detalha.

Alcance
A imagem de Reginaldo que o filme propõe remete ao perfil popular do cantor, seu estilo e humor. "Conheci Reginaldo através da obra dele. Estive com ele poucas vezes. O mais interessante e que para mim foi um grande aprendizado foi o olhar dele para o país, para as pessoas, para a diversidade, e como ele de alguma maneira conhecia o brasileiro comum. Ele conseguia construiu uma linguagem que falava com todo mundo, desde o cara mais simples e humilde até as pessoas que se autodenominam de elite", diz José.