Exposição mostra painéis de azulejo de Athos Bulcão

Conhecido como 'artista de Brasília', o carioca do Catete terá 40 obras exibidas nesta quinta-feira (21), na Caixa Cultural

Athos Bulcão - tradição e modernidade - Mandy Oliveira/ Folha de Pernambuco

Arquitetura e artes visuais revelam uma sincronia perfeita na obra de Athos Bulcão, representação maior e pioneira do Concretismo brasileiro. Mas diferente de seus pares, sua geometria é poética, sensibiliza qualquer suposta frieza que as linhas retas difundidas pela escola alemã Bauhaus possam haver transmitido. Falecido em 2008, aos 80 anos, o artista visual é carioca de nascimento mas se tornou brasiliense desde que foi chamado a colaborar com a construção da capital brasileira, em 1958. Daí ser chamado 'o artista de Brasília'.

Na exposição "Athos Bulcão - Tradição e Modernidade", que abre nesta quinta-feira (21) , às 19h, na Caixa Cultural, no Bairro do Recife, 40 obras, entre as quais painéis de azulejo, seus respectivos projetos e a fotografia dos mesmos já instalados estarão lado a lado, para que o visitante visualize como tudo foi pensado e no que se tornou. "Seus painéis articulados criam movimentos cinéticos como os de uma dança, representando a união entre a paisagem natural do cerrado brasiliense, de céu azul e solo colorido, e a arquitetura", explica o curador da mostra, Marcus Lontra.

Interessante notar uma característica na montagem dos projetos: Bulcão sempre pedia aos trabalhadores que o fizessem à sua maneira. E como geralmente se tratavam de desenhos abstratos, a ordem dos azulejos não importava. O resultado, esse sim, era o mais importante de tudo. "É de fato como dançar: há momentos em que se exige coreografia e outros em que o movimento é livre", compara o curador.

O visitante terá acesso ainda a dois vídeos, gravuras, serigrafias e material iconográfico, conseguindo captar um panorama da obra do artista, que trabalhou em parceria com Oscar Niemeyer e colocou suas criações a serviço do espaço arquitetônico, fazendo com que as duas artes se completassem. "Athos está para Oscar assim como Nino Rota está para Fellini", compara Lontra. Rota fazia as trilhas sonoras para os filmes do cineasta italiano.

Apesar de Bulcão ser conhecido como multicriador - trabalhou com pintura, desenho, fotomontagem, máscara, cenário para teatro e artes gráficas - Lontra resolveu fazer um recorte sobre essa faceta da modulação, dos monumentais murais azulejados ou que compõem projetos arquitetônicos, e que aliás recordam a influência portuguesa e barroca sobre o Brasil e particularmente sobre Pernambuco, como nos trabalhos de Francisco Brennand.

O painel de azulejos mais figurativo do artista, feito com várias pombas do Espírito Santo, um dos mais conhecidos, engrandece a pequena Igreja Nossa Senhora de Fátima, em Brasília. É lá que estão a maioria das obras do artista, como o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck, o saguão de entrada do Congresso Nacional e as escadas do Itamaraty. Mas há também obras de Bulcão em Salvador e no Rio de Janeiro, como a do Sambódromo. O acervo da mostra foi cedido pela Fundação Athos Bulcão, sediada em Brasília. Há, porém, obras de Athos espalhadas pelo mundo inteiro, da França à Arábia Saudita.

Serviço:
Exposição "Athos Bulcão - Tradição e Modernidade"
Onde: Caixa Cultural (Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife)
Quando: Quinta-feira (21), às 19h, com visita guiada pelo curador
Visitação: Até 28 de janeiro de 2018, de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos, das 10h às 17h
Entrada Franca
Informações: (81) 3425-1915

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