Recifense continua indo às compras, mas com cautela
Pesquisa do SPC?Brasil e CNDL mostra que o consumidor está disposto a gastar com o Ano Novo, mas o recifense está pechinchando mais
Ainda não está encerrada a temporada de compras de final de ano. Depois do Natal, é chegada a hora das roupas e festas de Réveillon, e para 2017, pesquisa do SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) antecipou incremento de 7,2% nas despesas com a virada. O tíquete médio nacional subiu de R$ 263 para R$ 282, na comparação com 2016, mas o que se vê nas ruas do Recife são clientes com perfil mais conservador. A crise parece ter modificado os hábitos de consumo do recifense, segundo entrevistas realizadas pela Folha.
Fabricante e comerciante de roupas há 28 anos, Haldson Cursino diz que o primeiro semestre de 2017 “foi cruel” para o comércio. A última semana, por outro lado, tem surpreendido, e ele revela que “desde o Carnaval não sentia um movimento tão bom” na loja que gerencia no Paço Alfândega. “As pessoas estão voltando a comprar, mas dá para perceber que pesquisam mais. O preço é muito importante. Se uma peça custa mais do que R$ 100 já vira uma compra cara”. Ainda assim, o faturamento do último bimestre não apenas melhorou a trajetória das vendas do ano, mas representou acréscimo de 20% relativamente ao mesmo período de 2016. No acumulado anual, a recuperação demorou a chegar, e vai confirmando a queda.
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Joseneia Escobar, 48, afirma ter se sentido menos à vontade para gastar, este ano, uma vez que o cenário político brasileiro foi muito instável. A enfermeira diz ter cortado pela metade o valor dos presentes de Natal, por exemplo, embora não tenha deixado de presentear ninguém durante as festas. Em 2018, ela diz que vai manter o orçamento comedido, ainda por causa do “Governo maluco”. Enquanto isso, a historiadora Angélica Alencar, 34 - que retorna ao Brasil depois de oito anos morando em Tóquio, no Japão - disse estar com “muito medo da economia para o ano que vem”. Por isso, mesmo itens em liquidação serão selecionados com cuidado. “Comprar só se for uma coisa de necessidade. Vou economizar para não ter problemas”.
O comportamento das vendas da microempresária Fabiana Cruz, 48, que produz doces e refeições sob encomenda, também deixa pistas de que os hábitos do consumidor estão diferentes. Sete anos atrás, ela iniciou o serviço de pratos salgados, mas sente que “as pessoas não encomendam jantares e almoços como antigamente.” Assim, o cardápio do negócio passou a focar em entradas e sobremesas e deve excluir definitivamente os pratos principais em 2018.