Copa São Paulo marcou o surgimento de lendas do futebol

Craques consagrados foram revelados no torneio, que começa na próxima terça-feira (2)

Três anos antes de sua trágica morte, Dener levou a Portuguesa ao título do torneio - Portuguesa/Divulgação

Nem todo craque do futebol desponta precocemente. Exemplos não faltam de jogadores que surgiram de forma tímida, quase despercebida em seus clubes, para depois ganharem o mundo. O pernambucano Rivaldo é o melhor exemplo disso. Profissionalizado sem muito alarde no cenário local, estourou em São Paulo e foi eleito o melhor do planeta, em 1999. Ao mesmo tempo, há também uma parcela gigante de gênios que mostram desde cedo um talento raro com a bola nos pés. E boa parte deles aparece nacionalmente na tradicional Copa São Paulo de Futebol Júnior. O torneio, que chega à 49ª edição em 2018, é o principal certame de futebol brasileiro no início do ano e já revelou muitos nomes que fizeram história na modalidade. A bola começa a rolar nesta terça-feira, 2 de janeiro.

A maior competição de juniores - reservada para atletas com menos de 21 anos - do País começou a ser disputada em 1969. Três anos depois, em 1972, dois futuros gigantes do futebol nacional, mostravam um pouco da habilidade que encantaria o Brasil e o mundo. O ex-volante e hoje técnico Paulo Roberto Falcão foi vice-campeão da 'Copinha' em 1972, uma temporada antes de subir para os profissionais do Internacional. Acabou sendo tricampeão brasileiro pelo Colorado, titular e um dos craques da Copa do Mundo de 1982 e nomeado 'Rei de Roma', quando atuou pelo clube-símbolo da capital italiana. Outro destaque do Mundial de 82, Toninho Cerezzo defendeu o Atlético/MG na Copa SP dez anos antes.

Em 1973, o zagueiro Edinho Nazareth levantaria a taça de campeão, mostrando a mesma segurança que exibiria posteriormente no próprio Flu, na Udinese-ITA e com a camisa do Brasil. Mais estrelas surgiram na década posterior. O Corinthians, semifinalista de 1980, contou com Walter Casagrande Júnior, que viria a ser goleador tanto no Timão, quanto na Itália. No ano seguinte, 'Casão' defendeu o alvinegro da capital paulista novamente. Já em 1983, o vice-campeão Botafogo/SP tinha em suas fileiras Raí. Na época lembrado apenas como o irmão mais novo de Sócrates, o meia tornou-se, na década de 1990, um dos grandes ídolos de São Paulo, Paris Saint-Germain e ainda foi tetracampeão mundial pelo Brasil.

A edição de 1990 ficou marcada por um dos maiores esquadrões da história do certame. O super Flamengo de 1990 tinha um elenco, de fato, repleto de futuros craques. Para se ter uma ideia, dois dos nomes mais badalados da década, como o meia Marcelinho Carioca e o atacante Paulo Nunes, eram meros coadjuvantes. O xerife da defesa era o zagueiro Júnior Baiano, autor do gol do título da Copinha e que defendeu o Brasil no Mundial de 1998. Entretanto, a estrela maior da companhia era o refinado meia Djalminha, craque do torneio e que depois caiu nas graças das torcidas de Guarani, Palmeiras e Deportivo La Coruña-ESP, sempre mostrando muita classe com sua genial canhota.

Os anos seguintes também tiveram prodígios de ouro. Em 1991, o craque da Copinha atendia pelo nome de Dener. O habilidoso meia-atacante levou a Portuguesa ao título da competição e virou ídolo nacional, poucos anos antes de morrer em um trágico acidente de carro, em 1994. Na Copa SP de 1993, dois futuros goleiros da Seleção Brasileira começavam a se firmar. Dida levou o Vitória a um celebrado terceiro lugar. Já Rogério Ceni era o titular do São Paulo campeão daquele ano e depois virou o maior ídolo da história do Tricolor Paulista. Já em 1994, o Guarani levantaria a taça, com um ataque comandado pelo centroavante Luizão, um dos maiores artilheiros do País nos anos posteriores.

Em 2003, o Palmeiras vice-campeão tinha o atacante Vágner. Flagrado na concentração com uma mulher, ganhou o apelido 'Love', que nunca mais o deixou. Em 2004, o vice São Paulo tinha Hernanes e Diego Tardelli. Mas a equipe do Morumbi perdeu para o Corinthians de Jô e Bobô. Em 2005, o Timão foi campeão novamente, desta vez com o meia Willian, hoje astro do Chelsea-ING e da Seleção Brasileira. Já em 2010, o Tricolor Paulista levantou a taça, graças à presença dos então jovens Lucas (PSG) e Casemiro (Real Madrid-ESP). Na edição de 2015, o Palmeiras parou nas semifinais, mas viu o consagrado Gabriel Jesus dar amostras do faro de goleador que apresenta hoje.

Embora tenha registrado o desabrochar de atletas de ponta, nem todos os grandes craques arrebentaram no torneio. O exemplo mais flagrante talvez seja o de Neymar. O atacante defendeu o Santos nas edições de 2008 e 2009, sem brilho. Em 2001, Kaká - ainda assinando como 'Cacá' - era um reserva pouco badalado no São Paulo. Um ano depois, Robinho ocupava o banco de reservas do Santos, pouco antes de se tornar campeão brasileiro. Há também alguns gigantes que não disputaram a Copinha. Romário era 'escondido' pelo Vasco, que buscava evitar o assédio de outros clubes por suas joias. Já Ronaldo se profissionalizou cedo no Cruzeiro e não pôde dar uma prévia do fenômeno que se tornaria.