Pancs: exóticas e nutritivas

Plantas Alimentícias Não Convencionais estão nos quintais de casa e podem ajudar no aporte de nutrientes

Palma, caule da aroeira e flores de sapoti são tipos de Panc - Alfeu Tavares/Arquivo Folha

A expressão Panc pode ainda não fazer nenhum sentido na cabeça de algumas pessoas. Mas é bom ir se familiarizando, pois o consumo de Plantas Alimentícias Não Convencionais - daí vem a origem da sigla - tem se tornado cada vez mais popular na mesa dos brasileiros. O termo foi criado pelo biólogo e professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Valdely Ferreira Kinupp. O docente apresentou a tese que deu origem ao livro sobre Pancs no Brasil e fez com que a prática ganhasse popularização em território nacional.

Mas, engana-se quem pensa tratar apenas de espécies exóticas. A matéria-prima para incrementar um prato e render ainda mais nutrientes para o corpo pode já estar sendo cultivada no quintal de casa. “Devido à grande biodiversidade brasileira, a estimativa é que existam cerca de 10 mil espécies botânicas com potencial alimentício ou terapêutico no país. As raízes de Araruta, por exemplo, contêm cálcio, magnésio, ferro, manganês, zinco, fósforo e potássio. Os grãos de sorgo também possuem alto teor de fibras, vitaminas B1, B2 e B6, fósforo, zinco, potássio, magnésio, cobre e compostos fenólicos”, detalhou a nutricionista Anne Alves.

A médica ainda explicou que as vitaminas e minerais encontrados nas chamadas Pancs têm concentração maior do que nos alimentos convencionais. Ricas em compostos bioativos com alta capacidade antioxidante, as plantas, raízes e grãos presentes nesse grupo atuam na redução do estresse oxidativo das células do corpo e, por consequência, diminuem o risco de doenças crônicas. Isso, sem falar que, por serem plantas, aumentam a sensação de saciedade por conta da grande quantidade de fibras. Já imaginou uma salada com um monte delas?

Mas é necessário enfatizar que ter uma dieta Panc não implica sair comendo todos os tipos de planta que se vê pela frente. A informação é, primeiramente, a base para iniciar com segurança a prática desse tipo de alimentação.

Do quintal para o prato

Muito comum em várias casas, a planta conhecida como onze horas, na espécie "portulaca umbraticola", é uma excelente opção para nutrir o corpo, segundo especialistas. Ela possui folhas achatadas e comestíveis, assim como seus talos, exceto suas flores. A pequena plantinha é rica em ômega 3, vitamina A, algumas vitaminas do complexo B, vitamina C e sais minerais como ferro, magnésio, cálcio, potássio e manganês. Na cozinha, pode ser utilizada em sopas, recheios, saladas e sucos.

“Uma panc muito comum para nós e que podemos dizer que ‘entrou na moda’ é a vinagreira, também conhecida como flor de hibisco. Normalmente você pode utilizá-la em chás ou até mesmo comê-la fresca”, indicou o chef Vinícius Arruda.

Outro exemplo que pode compor a alimentação e ainda dar aquele empurrãozinho na produção de cálcio e vitamina C do corpo é o dente-de-leão. De fácil preparação, a planta surge em solos agrícolas e terrenos baldios. Quando jovens, as folhas podem ser consumidas cruas, cozidas, salteadas ou empanadas.