Livro traz a passagem de Lampião pelo Sertão do Pajeú

A obra contém uma pesquisa aprofundada sobre como a imprensa, a justiça, os ex-volantes e cangaceiros definiam Lampião

Anildomá Souza, escritor - Ed Machado/Folha de Pernambuco

Ele é um autêntico sertanejo e exímio pesquisador da história do cangaço e do seu maior líder, Virgulino Ferreira da Silva, o famoso Lampião. Além de ser conterrâneo da cidade de Serra Talhada, onde também nasceu o rei do cangaço.

O escritor Anildomá Souza lança neste sábado (14), no Cais do Sertão, o seu quinto livro: "Lampião e o Sertão do Pajeú". A obra traz uma pesquisa aprofundada sobre como a imprensa, a justiça, os ex-volantes e cangaceiros definiam Lampião. Anildomá conta que os relatos publicados nos boletins de ocorrências e notícias veiculadas na imprensa fazem parte da narrativa.

As histórias ocorrem no período de 1920 a 1929. O autor também faz um recorte geográfico, com fatos passados no Sertão do Pajeú. Anildomá espera continuar com uma coletânea contando a relação de Lampião com outras regiões do estado de Pernambuco, a exemplo dos sertões do Moxotó e do Araripe.

Um questionamento oportuno, feito por Anildomá em seu último livro, diz respeito à relação que os policiais e inimigos mantinham com os cangaceiros. Ele conta que a ideia da obra é trazer à tona quem de fato são os nossos heróis. “Os comandantes, coronéis, que administravam as cidades, vendiam armas de munição a Lampião e esses coronéis dão nome a avenidas, escolas, são reverenciados. Eu abro essa ferida não para ter uma resposta, mas para que a gente reflita sobre nossos heróis e os nossos bandidos”, questiona.

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Conterrâneo de Virgulino

Nascido na mesma terra de Virgulino, o escritor sertanejo afirma que desde muito cedo conviveu com os causos, contos e mitos sobre os cangaceiros. “Nasci ouvindo histórias dos cangaceiros, os tiroteios, as brigas. Tanto de pessoas que foram cangaceiros, como de pessoas da volante, contemporâneos de Lampião”, revela Anildomá.

Percebemos nele um orgulho pela figura mítica do Rei do Cangaço. Anildomá relembra que a valentia do bando de Lampião representava um símbolo de vingança à toda a repressão praticada pelos coronéis da época. “Essa imagem do Rei do Cangaço foi construída dessa forma, a partir dessa tradição oral, a partir dessas informações. O sertanejo enxergava em Lampião a força e a bravura”, diz.

Além de “Lampião e o Sertão do Pajeú”, Anildomá escreveu “Comandante das Caatingas”, “Nas pegadas de Lampião, “Xaxado: a dança de guerra dos cangaceiros de Lampião” e “Lampião, nem herói, nem bandido”.

Ele também é autor da peça "O Massacre de Angico", encenada aos moldes da "Paixão de Cristo do Recife" e dirigido por José Pimentel, além de organizar o Encontro Nordestino de Xaxado, para celebrar a cultura genuína de Serra Talhada. A cidade que é conhecida como Capital do Xaxado.

Serviço
Lançamento do livro "Lampião e o Sertão do Pajeú"
Museu Cais do Sertão (Armazém 10 - Av. Alfredo Lisboa, s/n - Recife Antigo)
Neste sábado, às 15h
Informações: (81) 4042-0484
Preço do livro "Lampião e o Sertão do Pajeú": R$ 50