Milhouse Buenos Aires: a minha primeira e melhor experiência em hostel
Mesmo com 16 países a mais na mochila, o hostel que escolhi para a minha primeira viagem internacional ainda é o meu predileto. É a dica que dou para todo mundo que me diz que vai para a capital argentina
Comprei as passagens para Buenos Aires. E agora, onde vou ficar? Essa foi a pergunta que me fiz por algumas semanas enquanto organizava a minha primeira viagem internacional de férias, em 2012. A minha primeira opção era ficar em hostel, porém eu não queria um tipo qualquer. Além de ser a minha primeira vez fora do Brasil, também era a primeira em que eu, ainda marinheira de primeira viagem, explorava sozinha um destino.
Conversei com amigos mochileiros em busca de um lugar animado, onde pudesse fazer amizade facilmente. Também pesquisei, li relatos e olhei vários sites. Ao final, todos os caminhos me levaram até o Milhouse Hostel, com unidades na Avenida de Mayo e na Hipólito Yrigoyen, no centro da capital argentina. A localização não poderia ser melhor, já que ele fica bem perto dos principais pontos turísticos.
Fiz a reserva pelo site. Antes, chequei as tarifas do dormitório, quarto duplo, quarto triplo, quarto quádruplo e quarto de casal. Escolhi a opção mais barata, que era o dormitório. Quando cheguei ao hostel, na tarde do dia 3 de maio, fui recepcionada por um argentino que falava português e me disse onde ficava o meu quarto.
Fiquei em um dormitório misto no terceiro andar. Eram oito camas e pessoas de várias nacionalidades (um canadense, três norueguesas, um irlandês e, além de mim, outros dois brasileiros - de Minas Gerais). Nos três dias que passei lá, algumas pessoas iam embora, outras chegavam, mas a formação do quarto foi basicamente essa.
Era apenas um banheiro para oito pessoas, sendo quatro mulheres, mas não houve qualquer problema. Quando acordava e ainda tinha alguém dormindo fazia silêncio. Nada de abrir e fechar mala ou ligar o secador. Por favor, não sejam sem noção em quarto compartilhado. Claro que ter um banheiro pra chamar de seu e uma caminha confortável é bem legal, mas não troco nenhum dos melhores hotéis por minha primeira experiência em hostel.
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Na primeira noite, fiz amizade com os dois mineiros. Brasileiros sempre se juntam. Depois de jantar com as norueguesas, descemos para a festa que tem todos os dias no Milhouse enquanto as meninas foram dormir para aproveitar um passeio de bike de manhã cedo no outro dia.
Os meninos mineiros desceram na frente enquanto eu terminava de me arrumar. Quando entrei no elevador, duas meninas e um cara com uma garrafa de vinho na mão me abordaram. "let's take a picture, let's drink". E sim, a foto era comigo. Tratei de entrar logo no clima, tirei a foto e provei o vinho sem nem pensar em boa noite cinderela ou qualquer golpe do tipo, mas deu tudo certo (Por favor, não façam isso).
Essa pré-balada do Milhouse acaba cedo, mas é incrível. A bebida é barata, as pessoas são lindas e de todo o mundo. Todos estão o tempo todo dispostos a fazer amizade e também a paquerar, mas casais animados também não ficavam de fora. Logo tocou Gustavo Lima, Michel Teló e Sak Noel, as músicas que eram sucesso naquele ano. O canadense chegou animado, colocou os braços em cima de mim e disse: here is a paradise, enjoy! Era basicamente isso, o paraíso para quem gosta de festa.
No segundo dia conheci a turma que passou o resto da viagem comigo. O esquema era sempre o mesmo: doses promocionais de vodka com energético, bebidinhas baratas, chopp gelado, um bar completo e com um preço super camarada. Quase todas essas noites, colocamos nossos nomes em uma lista preparada pelo hostel para seguir em uma van para alguma boate, com entrada inclusa em lista VIP e sem fila.
Desta forma, fomos em várias boates. Teve Crobar, Kika, uma festa rap e uma boate menor no centro mesmo (que não lembro o nome), além da mais legal de todas, que era a Terrazas del Este, na beira do Rio Prata. Ela é enorme e tem vários ambientes. Tirei várias fotos lá, mas a minha câmera nesse dia foi roubada, então não tenho nenhuma. Ficou apenas o registro da "pré-night" no hostel, feito por um nigeriano gente boa.
Resumindo, se você quer diversão, o Milhouse é a melhor pedida. Com 16 países a mais na mochila, continuo achando isso. Quem fica hospedado em outros lugares não pode entrar na festa. Tenho amigos que estavam em outros hostels e tentaram a todo custo, sem sucesso. Os hóspedes do hostel ganham uma pulseira de identificação. É com ela que a gente tem acesso.
Menos é mais
O tamanho da minha mala chamou a atenção do canadense. Não era uma mala enorme, mas era média e simplesmente não coube no armário do quarto. Cada cama tinha um armário para que os hóspedes colocassem os seus pertences dentro e trancassem. Tentei de tudo, mas não coube. Enquanto me observava arrumando as roupas, o canadense perguntou: How many days of travel? Ele ficou um pouco espantado quando eu disse que eram apenas dez dias de viagem e mostrou a mochila dele, bem pequena e com uma bandeirinha do Canadá. "I'm traveling for six months". Claro que dessa vez o espanto foi todo meu.
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* Priscilla Aguiar é jornalista, editora adjunta do Portal FolhaPE e criadora dos perfis 'Ah, vamos viajar' no Instagram, Facebook e Youtube com dicas, fotos e vídeos de suas passagens por pelo menos 17 países.