Polícia fará reconstituição de assassinato do médico nesta sexta

Mãe e filho do médico, Jussara e Danilo Paes são acusados de terem assassinado, esganado e esquartejado o médico em um condomínio de luxo em Aldeia no dia 31 de maio

Cardiologista desapareceu no dia 31 de maio. Mulher e filho mais velho são os suspeitos do crime - Reprodução

Acontece na manhã desta sexta-feira (14) mais uma etapa da investigação que tenta elucidar o assassinato do médico cardiologista Denirson Paes, de 54 anos, no final de maio, em um condomínio de luxo em Aldeia, na Região Metropolitana do Recife. A Polícia Civil de Pernambuco irá realizar, a partir das 8h, a reconstituição do crime com a presença de Danilo Paes, 23 anos, filho do médico, e a farmacêutica Jussara Rodrigues, 55 anos, esposa da vítima, que confessou ter cometido o crime sozinha, excluindo a participação do filho.

Jussara confessou ter entrado em luta corporal com o marido na manhã do dia 31 de maio, antes de asfixiá-lo com um "mata-leão". Durante a briga, ela deu um chute que levou Denirson a bater com a cabeça no chão, o que teria ocasionado o traumatismo no crânio. Com o médico desacordado, ela disse que o esganou e depois trancou o corpo do marido no quiosque próximo à piscina, onde, à noite, o esquartejou, inclusive arrancando o órgão genital da vítima, que foi queimado. A confissão de Jussara foi divulgada com exclusividade pela Folha de Pernambuco na semana passada. A farmacêutica prestou depoimento no dia 3 de agosto à titular responsável pelo caso, delegada Carmem Lúcia, na Colônia Penal Feminina, no Recife.

De acordo com o advogado Alexandre de Oliveira, no depoimento, Jussara explicou que a briga começou por volta das 5h30 da sexta-feira, 31 de maio. “Ela estava com muita raiva porque viu fotos de momentos íntimos de Denirson com a amante. Ele não falava com Jussara havia pelo menos três meses e, ao tentar confrontá-lo, Denirson colocou os dedos nos ouvidos, se recusando a escutar.” A farmacêutica informou, ainda, que um homem identificado apenas como Uraquitan, funcionário do Hospital Barão de Lucena, onde Jussara trabalhava, teria quebrado a casinha de ferramentas de Denirson a pedido da dela. Ele prestou depoimento à delegada substituta, Euricelia Nogueira, quem conduzirá o procedimento desta sexta-feira.

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Denirson e Jussara eram casados havia mais de 30 anos. Para a polícia, Jussara e o filho mais velho do casal, Danilo Paes, praticaram o crime juntos, o que foi negado por ela. “Falou que fez tudo sozinha. Matou e esquartejou. É um depoimento muito forte”, explicou o advogado Alexandre Oliveira. “Tudo o que ela fez foi por emoção, com base no descobrimento da amante”, explicou Alexandre.

O inquérito, apresentado no último dia 31 de agosto, apontou que Denirson foi esganado no quarto, depois levado para uma área próxima à cacimba da casa onde houve uma tentativa de queimar o corpo e, em seguida, foi esquartejado. O crânio da vítima também apresentou um afundamento do lado direito, assim como um deslocamento da mandíbula, porém a investigação não soube precisar se essas fraturas foram ocasionadas antes ou depois de o corpo ter sido jogado na cacimba junto com entulhos. 

Entenda o caso
Em meados do último mês de junho, teve início a investigação do desaparecimento do médico cardiologista Denirson Paes da Silva, 54 anos. A esposa dele, a farmacêutica Jussara Rodrigues Silva Paes, 54, alegou, em Boletim de Ocorrência registrado no dia 20 do mesmo mês, que o marido teria viajado para o exterior e não havia retornado.

A delegada Carmem Lúcia desconfiou do envolvimento dos familiares no desaparecimento do médico e solicitou um mandado de busca e apreensão no condomínio em que eles moravam, em um condomínio de luxo localizado em Aldeia, Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Na busca policial, realizada no dia 4 de julho, foram encontrados os primeiros restos mortais do médico na cacimba da residência. Para a polícia, havia indícios suficientes da participação de mãe e filho na ocultação do cadáver de Denirson. Em 5 de julho, Jussara e Danilo foram presos temporariamente suspeitos de ocultação de cadáver. Danilo foi encaminhado para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, também na RMR. Jussara, por sua vez, foi levada para a Colônia Penal Feminina do Recife.

Os três pedidos de habeas corpus feitos pela defesa de Jussara e Danilo foram negados. No dia 20 de agosto, um laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou asfixia por esganadura como a causa da morte do cardiologista. O inquérito, apresentado no último dia 31 de agosto, concluiu que um relacionamento extraconjugal entre o médico e a filha de um paciente dele teria sido a principal motivação do crime. Eles, de acordo com a polícia, se conheceram na clínica em Denirson trabalhava, em 2007. O inquérito foi remetido pela delegada Carmem Lúcia ao Ministério Público de Pernambuco, também solicitando a prisão preventivamente da esposa e do filho, que foram indiciados por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver