Câmara Municipal quer coleta seletiva em escolas

PL aprovado pelos vereadores do Recife exige consciência ambiental na rede particular de ensino da Cidade

Colégio Fazer Crescer, Zona Norte da Cidade, realiza o trabalho socio ambiental há 15 anos - Divulgação / Colégio Fazer Crescer

Escolas particulares do Recife serão obrigadas a realizarem coleta seletiva de resíduos, segundo o Projeto de Lei Nº 20/2018, apro­vado na Câmara dos Vereadores e que poderá ser sancionado pelo prefeito Geraldo Julio nos próximos dias. O objetivo do PL é reverter a cultura de desperdício na cidade e trabalhar a sustentabilidade ambiental com mais afinco nas unidades de ensino. Para isso, ele altera a chamada “Política de Meio Ambiente do Recife”.

Após sanção, os colégios terão um prazo de adaptação, que poderá ser até 180 dias (a partir da sanção), para iniciarem o processo de separação dos resíduos sólidos em seis categorias: papel, plástico, vidro, metal, resíduo contaminado e resíduos orgânicos. Segundo o vereador Rodrigo Coutinho (Solidariedade), autor da proposta, a capital pernambucana recicla apenas 2% de todos os seus resíduos sólidos, mas encaminha, mensalmente, 43 mil toneladas a aterros da Região Metropolitana.

“O projeto se estende às escolas que têm ensino infantil, fundamental e médio, mas nosso foco é na base, onde vamos conseguir transformar desde cedo o hábito das crianças dentro dessa questão sócio ambiental”, explicou o parlamentar, que acredita que a medida não exigirá grandes investimentos para a rede particular de ensino. Aproximadamente 98% de tudo o que é descartado no município não é reaproveitado, segundo a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb).

Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) apontam que cerca de R$ 3 bilhões deixam de ser arrecadados no Brasil por conta do descarte incorreto de resíduos sólidos. Procurado pela reportagem, o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinepe), José Ricardo Dias Diniz, preferiu não se pronunciar, já que não havia acessado o projeto de lei. “Precisamos nos debruçar sobre o texto, pois a rede particular já faz essa coleta. Temos que entender porque a obrigatoriedade diz respeito só as escolas particulares”, declarou.

Outra alteração da lei é a ampliação para seis variações de materiais na separação de resíduos sólidos, que, atualmente, é dividida apenas na categoria seco e molhado. “Nesse ponto do projeto, as escolas municipais e os órgãos públicos também acabam sendo incluídos”, defendeu Coutinho.

Paralelamente à discussão da obrigatoriedade, o Colégio Fazer Crescer (CFC), localizado no bairro do Rosarinho, já faz essa coleta seletiva há 15 anos. E o trabalho de consciência ambiental extrapola os muros da escola, já que eles também recebem materiais da população. “Todos resíduos que têm reaproveitamento, fazemos o encaminhamento para as empresas especializadas para a coleta desses materiais”, afirmou a coordenadora de Projetos de Sustentabilidade do CFC, Denise Paranhos. Para a educadora, o projeto de lei 20/2018 é fundamental pois é no ambiente escolar que a consciência dos impactos ambientais precisa ser trabalhada.

O colégio também possui o projeto de Coleta Seletiva do Inorgânico, com o reaproveitamento dos resíduos orgânicos provenientes das cantinas e resíduos das áreas de jardins da unidade por meio da compostagem.