DIVERSÃO

Requalificação do Cine Olinda é tema de audiência pública

Debate reuniu integrantes da ocupação que está no cinema há 60 dias, além da Fundarpe, Iphan e Prefeitura de Olinda

Cine Olinda - Alfeu Tavares/Arquivo Folha

A sede das promotorias de Olinda abrigou, nesta terça-feira (6), audiência pública sobre a requalificação do Cine Olinda, ocupado há 60 dias. Depois de quatro horas de conversa, não foi fechado um acordo, nem definida data de nova reunião. O encontro foi presidido pela promotora Maísa Melo. No local, representantes do movimento Ocupe Cine Olinda, Associação Teatro de Olinda, Movimento de Teatro Popular de Pernambuco, da secretaria de Patrimônio e Cultura de Olinda, do Iphan, e da equipe de transição de Lupércio.

O movimento Ocupe Cine Olinda pede a retomada das obras e a reabertura do espaço. Eles apresentaram quatro pautas principais: conclusão da reforma e reabertura do equipamento cultural; garantia do dinheiro de ocupação até o início das obras; formação de um grupo pela sociedade civil para vistoriar as obras; gestão compartilhada entre sociedade e poder público. Esta seria, para eles, uma maneira de construir um cinema com participação popular.

“É muito contraditório Olinda ser uma cidade cultural, cheia de títulos e permanecer parada, com aparelhos fechados. Nesses dois meses de ocupação, tentamos dialogar de forma contundente e pacífica e o retorno está sendo muito bonito”, afirmou Drumundo, um dos integrantes do Ocupe Cine Olinda, que já exibiu neste intervalo, longas como “Tatuagem” e “Aquarius”.

A secretaria de Patrimônio e Cultura de Olinda diz que, em ano de eleição, a prefeitura não pode receber recursos. Coube à Fundarpe dar continuidade às obras, que foram paradas com menos de 40% de serviço finalizado, porque a empresa contratada não honrou os contratos. A Prefeitura de Olinda teria apresentado uma proposta ao Governo do Estado de utilizar a verba - cerca de R$ 2 milhões -, referente à administração do PAC das Cidades Históricas, que não vingou em Olinda, para utilizar na requalificação.

A Fundarpe, por sua vez, afirma que apresentou uma proposta, no dia 21 de novembro, aos manifestantes, para que eles desocupassem o espaço em troca de acompanhar as licitações de obras. Eles poderiam ainda propor a programação. A Fundarpe afirma que o espaço é de responsabilidade do Iphan e que ele precisa ser devolvido ao Estado para que seja requalificado.

O Iphan já teria iniciado uma conversa com a prefeitura para devolver o espaço ao município. Abriu um inquérito administrativo e dialogou com órgãos públicos para fazer uma nova licitação, buscando parcerias. Segundo o órgão, a empresa que cuidava das obras de restauro do Cine Olinda será punida e deve ficar inadimplente em contratos com o poder público. O Iphan critica o rompimento da negociação com o movimento Ocupe Cine Olinda, que teria decidido ocupar o espaço, abrindo mão da conversa iniciada com o órgão.

“Sabemos que o Estado tem suas complicações. O Cine Olinda está há 50 anos fechados e há 31 em processo de reformas. Mas é preciso discutir sobre a situação do cinema. A gente não quer permanecer na ocupação para sempre, mas precisamos saber o que será feito. O que não queremos e podemos é andar para trás”, argumenta Débora Britto, do Ocupe Cine Olinda. A posição dos manifestantes vai de encontro ao que pede a Fundarpe.

“Precisamos entender o processo, o que propomos é que reconhecemos o movimento, mas não podemos receber o cinema ocupado”, afirmou Márcia Souto, presidente da Fundarpe. “Nos sa proposta é acordar um termo, desde que seja desocupado, para que o grupo possa promover eventos no local, mas não podemos seguir enquanto pessoas estiverem dentro do prédio”, diz.