Rede particular do Recife ganha centro especializado no tratamento de obesos
Hospital Santa Joana investiu em espaço para tratamento de obesidade, doença que vem crescendo em todo o mundo. Apenas no Recife 21% da população é obesa
A última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, aponta que 21% dos habitantes o Recife estão obesos e que 54,4% possuem excesso de peso. Problema multifacetado, a obesidade é um dos grandes desafios da saúde, seja no âmbito da rede pública, seja na rede privada. Percebendo as demandas da questão, o Hospital Santa Joana (HSJ) é o primeiro particular do Norte e Nordeste a apostar em um centro específico para a abordagem da doença, que incluiu uma ala para o tratamento de superobesos. O serviço abre a possibilidade de tratamento para quem tem plano de saúde, mas ainda enfrenta fragmentação de consultas e acompanhamentos em outros espaços.
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A estrutura tem capacidade para realizar 800 consultas e 60 cirurgias bariátricas por mês, entre elas as robóticas, com a utilização do robô Da Vinci, o Si HD. Para atender pacientes superobesos, foram adquiridas camas que suportam até 340kg. O centro cirúrgico e alguns apartamentos estão sendo adaptados e, assim, portas, banheiro, cama, maca, mesa cirúrgica e móveis serão adquiridos especificamente para acompanhar estes pacientes.
O cirurgião bariátrico e coordenador do centro, Josemberg Campos, destacou que a diferenciação do serviço está na assistência prestada que reuni múltiplos profissionais em um só local. Médico clínico, endocrinologista, nutricionista, psicólogo, cirurgião bariátrico, fisioterapeuta, cardiologista, educador físico e cirurgião plástico fazem parte do leque. Funcionando há quase dois meses o espaço soma cerca de 40 cirurgias, mesmo volume realizado pelo serviço de obesos do Hospital das Clínicas (HC) durante todo o ano passado.
Sobre as intervenções cirúrgicas, Campos enfatizou que é preciso cautela na indicação e uma revisão do entendimento dos pacientes sobre o procedimento. “O que a gente quer é tirar essa ideia de que obesidade é igual à cirurgia. O conceito não é esse e isso até afasta o paciente, à vezes, do tratamento. Quando uma doença esta associada a um tratamento invasivo, os pacientes ficam adiando”, comentou. Antes de operar é preciso esgotar algumas possibilidades de tratamento que muitas vezes exigem um protagonismo do pacientes. “Na obesidade, tratamento precisa de uma coparticipação deles. O paciente tem que ajudar. Toda doença necessidade de mudança de hábito, que não depende só de remédio, precisa que o paciente entenda o problema”, concluiu.