Comentarista da ESPN, Paulo Mancha aponta favorito no Super Bowl
Para Mancha, New England Patriots carrega favoritismo na grande final deste domingo (03), mas alerta para potencial do Rams
Figura queridinha dos fãs brasileiros de futebol americano, o comentarista dos canais ESPN, Paulo Mancha, concedeu entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco. Em meia hora de conversa, Mancha mostrou parte do seu vasto conhecimento do esporte da bola oval e também o seu lado brincalhão. Na ESPN desde 2012, Mancha apostou num favorito, Tom Brady, Jared Goff e falou também sobre responsabilidade de comentar a 53ª edição do Super Bowl nos cinemas ao lado do narrador Rômulo Mendonça. No total serão mais de 100 salas espalhadas por todo o Brasil, incluindo Recife, transmitindo a grande final neste domingo. Confira a entrevista.
Super Bowl 53
O Super Bowl sempre traz surpresas. Neste ano, tem um time francamente favorito, que é o New England Patriots. Ele não começou muito bem, joga numa divisão fácil e até vencia, mas sem empolgar muito. Mas, na reta final o time decolou de uma forma impressionante e fez duas partidas de playoffs fantásticas. Apesar dos 41 anos de idade, Tom Brady está em plena forma, tanto mentalmente como fisicamente. Ele e o Bill Belichick (treinador) sempre conseguem refazer o time e chegam forte na reta final. Mas, do outro lado há também um time muito bom. O Los Angeles Rams é a antítese do Patriots, pois é um time cheio de gente nova. O treinador, por exemplo, tem 33 anos apenas. É oito anos mais novo que o quarterback adversário. O Jared Goff (quarterback do Rams) tem apenas 24 anos. Eles são muito capazes, mas também tem muita inexperiência. Isso tem grande peso no Super Bowl.
Por exemplo, na decisão de conferência, contra o New Orleans Saints, o barulho no estádio Super Dome (casa do Saints) era tão alto que Goff não conseguia escutar o treinador no ponto eletrônico que fica no capacete e ele se perdeu completamente. Isso não aconteceria com Tom Brady.
Fim da dupla Brady/Rob Gronkowski?
Faz uns anos que apostam nesse fim, mas é impressionante como não acaba (risos). Tom Brady já disse que não vai se aposentar agora. Na minha visão, ele joga mais uns três anos ainda. Mas, vai ser muito mais de ambição de vida dele. A Gisele (Bundchen, esposa de Tom Brady) já disse que gostaria que ele parasse. Já Rob Gronkowski é um caso diferente. O corpo dele está pedindo para ele parar. Ele já teve lesões por todas as partes do corpo, mas ele não quer parar porque é muito bom jogador. Eu acredito que se o Patriots perder o Super Bowl ele joga mais uma temporada. Se ganhar, acho que ele para como campeão, premiado. Mas, mesmo que Gronkowski pare esse Patriots ainda tem, no mínimo, mais uns dois anos de alto nível.
Dinastia do Patriots
Já é uma dinastia dos anos 2000/2010, tão grande e importante como as do Steelers em 1970, do San Francisco nos 1980/1990, do Dallas Cowboys, nos 1990. Já estão na história do futebol americano e daqui a 100 anos vão falar dessa geração do Patriots.com grande destaque.
Imagem do Patriots e do Rams
Nos EUA, o Patriots gera sentimentos extremos: você ama ou odeia. Pode ter certeza que só a torcida do Patriots vai estar torcendo por eles. O Rams ainda não tem essa "imagem pronta", para gerar tantos sentimentos extremos. O time mudou de sede recentemente. Então, eles estão numa fase de conquistar uma nova base de fãs, de torcida. Se ele vencerem esse Super Bowl, eles darão um grande passo para isso, por tudo o que a conquista vai representar. Essa é uma grande chance. É um grande desafio para os times de futebol americano em cidades como Los Angeles e Miami, por exemplo, porque você compete com muitas opções de lazer. Então, é até mesmo difícil você lotar estádio nessas cidades, por exemplo.
Tom Brady é o maior da história?
Os números do Tom Brady são os melhores da história. Ele detém a maioria dos recordes. Porém, nós não podemos olhar apenas os números, mas também o contexto. Nos últimos 50 anos, o futebol americano passou por mudanças significativas nas suas regras, diferente da grande maioria dos outros esportes, que mudaram poucas coisas. Comparar Tom Brady com jogadores de 50 anos atrás é injusto. Antes, os quarterbacks apanhavam muito. Hoje não, eles são muito bem protegidos pelas regras. Hoje, a tecnologia é bem diferente. Os quarterbacks se comunicam por ponto eletrônico, com informações de auxiliares distribuídos nos estádios com registros em filmes e fotos das jogadas que aconteceram, por exemplo. Agora, sem dúvida, Tom Brady é o melhor quarterback da geração dele, das últimas duas décadas. Essa afirmação é mais do que justa.
Arbitragem
É de um bom nível na NFL. Tivemos alguns erros nesta temporada, mas erros acontecem. Não acho que seja uma queda de qualidade. Mas, existe há anos uma necessidade de profissionalização dos árbitros. Na liga, todos são profissionais, menos os árbitros, que precisam de outro emprego para ajudar na renda, por exemplo. Eles até fizeram uma greve alguns anos atrás e foi parcialmente bem sucedida, mas ainda não é o ideal. Eles deveriam ganhar muito melhor do que ganham para se dedicarem mais.
Relação com Rômulo Mendonça
Começou por acaso. Entrei na ESPN em 2012 e comentava os jogos aonde a escala mandasse. É curioso que no ar eu tentava puxar a transmissão para uma coisa mais séria e Rômulo ficava levando para o lado mais cômico, porque ele é um gozador, um brincalhão. Eu passei a ser o contraponto do Rômulo. Isso virou uma atração, um "embate" com um tentando sacanear o outro no ar, isso caiu na graça do público e virou uma parceria muito legal até hoje.
Favorito
Eu apostaria no Patriots. Mas, como aprendemos no ano passado, e com o próprio Patriots, o Super Bowl é uma caixinha de surpresas (risos).
Transmissão
Esse ano são mais de 100 salas de cinemas espalhados por todo o Brasil. Eu e Rômulo Mendonça faremos a transmissão para essas salas de cinema. Além disso, a ESPN irá transmitir no seu canal com a narração de Everaldo Marques e comentários de Paulo Antunes, que estão em Atlanta há uma semana.