Mãeana e a despretensão para abraçar um caminho que é só dela
Apesar de ter a música como foco, a artista investe em artifícios cênicos para uma a interpretação mais ampla do seu trabalho, que agora conta com o DVD "Mãeana no MAM"
Buscando dar vazão ao seu universo estético, a cantora Ana Cláudia Lomelino se lançou em carreira solo neste ano sob o pseudônimo de Mãeana. O projeto deu origem ao disco homônimo, que chegou às prateleiras em janeiro, apresentando uma faceta mais performática da artista, conhecida como vocalista da banda Tono, em que divide o palco com o marido Bem Gil, filho de Gilberto Gil. Apesar de ter a música como foco, a artista investe em artifícios cênicos para uma a interpretação mais ampla do seu trabalho, que agora conta com o DVD “Mãeana no MAM”, lançado em novembro pela Sony Music.
“O show é muito importante na leitura do disco. A vontade já é gravar de novo, porque ele vai se transformando. Às vezes acontece de eu não poder levar o cenário inteiro e eu me sinto incompleta, preciso desse aspecto visual para me sentir à vontade e artista”, justifica ela. Além do cenário excêntrico que mistura a crença em extraterrestres e referências religiosas do cristianismo e candomblé, o figurino da cantora também evidencia a sua feminilidade, expressa em faixas como a música “Bem Feito”, composta por Adriana Calcanhotto, sobre Bem Gil, e “Dom”, em homenagem ao seu filho mais velho.
“Além dessa questão visual, eu não estava cabendo no Tono porque já tinha um acúmulo de coisas que gostaria de incluir no meu trabalho e na banda não dava, é um coletivo. Queria trazer o universo feminino”, explicou a cantora. Além de incluir músicas de sua autoria, seu setlist conta com versão da música “Beautiful Boy”, de John Lennon, feita por Gilberto Gil com o título de “Bonito Filho” e “Não Sei Amar”, de Caetano Veloso, ambas feitas para Mãeana.
À exceção do baterista Rafael Rocha, a banda da carreira solo também é composta pelos integrantes da Tono, da qual a cantora permanece como vocalista. O nome Mãeana, inclusive, nasceu de uma brincadeira do baixista Bruno di Lullo, durante uma viagem da banda à Bahia. “Eu me interesso muito por coisas espirituais, como o Candomblé. Lá em Salvador, eu ficava parando nas lojas até que o Bruno começou a me chamar de Mãe Aninha. O trabalho faz uma brincadeira com isso mesmo, com essa busca do além”, explica ela.