Depois da euforia, o brilho: festa encerra exposição no Cais do Sertão
Festa "Chuva de Brilho" encerra a exposição de Joana Lira sobre o Carnaval pernambucano no Cais do Sertão, no Bairro do Recife
Da primeira lembrança que tem do Carnaval, a designer pernambucana Joana Lira se recorda de, vestida de baiana, ter sido levada pelo pai para ver de perto o Galo da Madrugada. Devia ter uns 5 ou 6 anos de idade. Aos 24, ganhou a missão de transformar em cenografia a maior festa brasileira, em seu estado de origem, um dos mais animados nesta época do ano no Nordeste do País.
Para encerrar a exposição "Quando a vida é uma euforia", que tem curadoria de Mamé Shimabukuro e reúne os desenhos e criações de Joana Lira para a folia de Pernambuco, ao longo de um período de dez anos, será realizada a "Festa Chuva de Brilho", no Espaço Umbuzeiro, do Cais do Sertão, no Bairro do Recife. O agito começa às 16h deste sábado (16), sob o comando de Roger de Renor e o Som na Rural, com shows da cantora recifense Flairra Ferro e dos percussionistas Maurício Badé (ex-Mestre Ambrósio) e Lucas dos Prazeres.
Flaira fará uma performance com elementos da dança contemporânea, começando dentro do ambiente da exposição, e depois os dois percussionistas também se apresentam, antes de os três se reunirem, no térreo, para show no Espaço Umbuzeiro, com o Som da Rural.
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“Para mim, o Carnaval é um caldeirão de aprendizado, porque na rua, no meio do bloco, se entende muito da vida. É isso que quero trazer nessa exposição: transportar o visitante para um processo narrativo, imersivo, pulsante; trazer essa coisa das cores, de uma cultura que é muito rica. Mostrar o Carnaval de Recife para o mundo é também dividir sua história, fortalecê-la, manter uma tradição”, afirmou Joana Lira, em entrevista à Folha de Pernambuco, quando a exposição estreou em São Paulo, no Instituto Tomie Othake, no ano passado.
O Cais do Sertão é a segunda parada de "Quando a vida é uma euforia", que está em cartaz desde 15 de janeiro, na segunda etapa do museu, na sala São Francisco, no segundo andar, e com entrada gratuita.
Programação paralela
Um dos diferenciais da exposição é a programação paralela, que depois de debates, oficinas e vivências recebe nesta sexta-feira (15) e sábado (16), a partir das 18h, o projeto Eletrobike, do VJ Mozart, que dá vida aos personagens carnavalescos inventados por Joana com efeitos de vídeo e mapping, com desfile e interatividade no trajeto pela rua Mamede Simões (a mesma do Bar Central) e Marco Zero ao Cais do Sertão. O último dia da mostra será neste domingo, quando funciona das 13h às 17h.
Com fones de ouvido espalhados pela exposição, é possível ouvir depoimentos da própria Joana Lira, que relacionam suas criações às dos artistas Ariano Suassuna, Abelardo da Hora, Cìcero Dias, Tereza da Costa Rego, Lula Cardoso Aires e Vicente do Rego Monteiro.
Frevo, Maracatu Rural, Maracatu Nação e Caboclinhos são conectados à estética destes ícones da cultura pernambucana, pelo traço peculiar de Joana, que mora em São Paulo há 20 anos, mas não perde a ligação com suas raízes. "A relação com a cidade e com o que vivi no projeto [de cenografia do Carnaval pernambucano] está cravada na minha alma", diz a artista, em texto no catálogo de "Quando a vida é uma euforia".
Serviço:
"Festa Chuva de Brilho", no encerramento da exposição "Quando a vida é uma euforia"
Cais do Sertão (avenida Alfredo Lisboa, Bairro do Recife)
Neste sábado (16), das 16h às 21h
Gratuito