PROCESSO

Conclave: como é processo para escolher um novo papa? Entenda

O último conclave ocorreu em 2013, após a renúncia de Bento XVI

Fumaça branca anuncia que um novo papa foi escolhido - AFP/arquivo FolhaPE

Sempre que a Igreja Católica precisa escolher um novo papa, inicia-se um processo tradicional e repleto de simbolismo: o Conclave.

Com o falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda-feira (21), o processo deve ter início em breve. O último conclave ocorreu em 2013, após a renúncia de Bento XVI. 

Esse rito centenário ocorre desde o século XI, mas foi oficialmente estruturado no século XIII, quando o papa Gregório X estabeleceu regras para tornar a eleição mais organizada. A partir desse momento, a escolha do pontífice passou a acontecer de forma isolada, por meio de votação secreta entre os cardeais.

Foi Gregório X que batizou esse processo de "conclave", que vem do latim cum clave, ("com chave"), em referência ao isolamento absoluto dos participantes durante o processo.



Atualmente, o processo é regulamentado pela Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, publicada em 1996 pelo papa João Paulo II.

Esse documento estabelece os critérios, o local e os procedimentos da eleição papal, garantindo que a decisão seja tomada de forma ordenada e seguindo a tradição da Igreja.

Como o conclave acontece?
O Conclave é uma reunião exclusiva dos cardeais eleitores — aqueles que têm menos de 80 anos — para escolher o sucessor do papa. O Brasil tem oito cardeais, dos quais sete eleitores podem votar.

Após a vacância do cargo, seja pelo falecimento ou renúncia do papa, os cardeais têm um período de até 20 dias para organizar o início do Conclave.

Durante esse tempo, os membros do Colégio Cardinalício se reúnem para discutir a situação da Igreja e preparar a eleição.

Quando tudo está pronto, os cardeais se dirigem à Capela Sistina, no Vaticano, onde ficam reclusos até que um novo papa seja escolhido.

Como os cardeais votam?
Os cardeais eleitores seguem um rito específico durante o Conclave. A rotina inclui orações, celebrações religiosas e, principalmente, as votações, que acontecem até quatro vezes ao dia: duas pela manhã e duas à tarde.

O voto é secreto e ocorre da seguinte forma:

Na Capela Sistina, no Vaticano, os cardeais eleitores — aqueles com menos de 80 anos — ficam isolados do mundo externo. O Decano do Colégio Cardinalício, o cardeal mais velho, convoca todos os participantes e dá início ao processo.

Durante o Conclave, os cardeais fazem orações e participam de celebrações religiosas antes das votações. São realizadas até quatro sessões diárias, duas pela manhã e duas à tarde. Para ser eleito, um candidato precisa obter dois terços dos votos.

Cada cardeal preenche uma cédula com o nome de seu escolhido e a deposita em uma urna. Três cardeais são responsáveis por contar os votos. Se nenhum candidato atinge a maioria necessária, as cédulas são queimadas, liberando uma fumaça preta pela chaminé da Capela Sistina, sinal de que a Igreja ainda não tem um novo líder.

Caso um dos cardeais atinja os dois terços dos votos e aceite a eleição, ocorre o anúncio oficial. As cédulas são queimadas novamente, mas dessa vez liberando fumaça branca, indicando que a escolha foi concluída.

Caso a eleição não seja concluída após três dias de votações, o Conclave é pausado por um dia para momentos de oração e diálogo entre os eleitores.

Se, mesmo assim, nenhum candidato obtiver a maioria necessária após sete ciclos de votações, o processo muda: os dois cardeais mais votados passam a ser os únicos candidatos.

O sinal da fumaça
A cada votação, as cédulas são queimadas em um forno especial dentro da Capela Sistina. O tipo de fumaça emitida indica o resultado:

Fumaça preta: nenhum candidato foi eleito, e o Conclave continua.
Fumaça branca: um novo Papa foi escolhido e aceitou o cargo.

O novo Papa, então, faz sua primeira aparição oficial na sacada da Basílica de São Pedro, onde dá sua bênção aos fiéis e inicia seu pontificado.

O que acontece depois da eleição do novo Papa?
Assim que um cardeal recebe os votos necessários para se tornar Papa, o Decano do Colégio Cardinalício faz duas perguntas ao eleito: "Aceitas a tua eleição canônica para Sumo Pontífice?" e "Com que nome queres ser chamado?".

O anúncio oficial acontece na sacada da Basílica de São Pedro, onde um cardeal proclama a famosa frase em latim: “Annuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam!” (“Anuncio-vos uma grande alegria: Temos um Papa”).