João Paulo II e Bento XVI: como foram os últimos funerais papais?
Papa Francisco morreu nesta segunda-feira
Morreu, nesta segunda-feira, o Papa Francisco. Sua saúde era motivo de preocupação, já que, desde jovem, já havia perdido parte do pulmão e tinha problemas no quadril, nas costas e artrose nos joelhos. Agora, sem um líder oficial, se inicia o período conhecido como Sé Vacante, que termina quando um novo pontífice é eleito pelo conclave.
Após o falecimento, o corpo é preparado e vestido com as vestes papais e a primeira exposição é feita na casa pontifícia para que alguns fiéis e clérigos expressem seus pêsames e sua oração. No caso de Francisco, ele decidiu que seu corpo não será velado fora do caixão, como prevê a tradição dos funerais papais; isso valerá para os sucessores.
Além disso, Francisco exigiu que apenas um velório fosse feito, como em todas as famílias. Não haverá cerimônia separada de fechamento de caixão.
Na despedida de Bento XVI, alguns ritos já foram alterados em comparação a partida de João Paulo II. Na vez de Bento, não tiveram orações finais de representantes da Diocese de Roma e das igrejas católicas orientais como na de João Paulo. No entanto, isso aconteceu porque tais orações são específicas para a morte de um Papa reinante, "que é bispo da Diocese de Roma e está em comunhão com o líderes das igrejas de rito oriental", e na época bento constava como emérito.
Em quase 600 anos, o funeral de Bento foi a primeira vez que um Papa em exercício presidiu o funeral de seu antecessor. Bento XVI, que morreu aos 95 anos num mosteiro na Cidade do Vaticano, havia renunciado ao cargo em 11 de fevereiro de 2013. No caso de São João Paulo II, que foi canonizado em 27 de abril de 2014, sua missa fúnebre foi celebrada em 8 de abril de 2005 pelo próprio Bento XVI, quando este ainda era cardeal e usava seu nome civil, Joseph Ratzinger.
Segundo Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, as principais diferenças entre as duas missas encontram-se nas orações e leituras bíblicas. No caso de Bento XVI, a primeira leitura é de Isaías (29,16-19), sobre o dia em que "os surdos ouvirão as palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos dos cegos as verão".
Já na missa fúnebre de São João Paulo II, a primeira leitura foi de uma declaração de São Pedro nos Atos dos Apóstolos (10, 34-43), dizendo que "todos os que nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome", em referência ao cumprimento do pedido de Jesus Cristo de testemunhar seus feitos.
A segunda leitura da celebração desta quinta-feira é da primeira carta de São Pedro (1:3-9), que louva a misericórdia de Deus dando aos fiéis “um novo nascimento” como seus filhos e “ressuscitando Jesus Cristo dentre os mortos, para que tenhamos uma esperança segura e a promessa da vida eterna no céu". Por outro lado, a segunda leitura no funeral de São João Paulo II foi da carta de São Paulo aos Filipenses (3:20-4:1) sobre a “cidadania celestial” dos fiéis.
Quanto à leitura do Evangelho para a missa fúnebre do Papa Bento XVI, foi selecionado o relato de São Lucas sobre os momentos finais de Jesus na cruz e dizendo ao “bom ladrão” que o reconheceu como o Cristo: “hoje você estará comigo no paraíso”. Já na missa de São João Paulo II, o Evangelho foi de João (21: 15-19), quando Jesus disse a Pedro para alimentar suas ovelhas.
As únicas outras mudanças notáveis na celebração estão nas orações dos fiéis, que incluem pedidos para o “papa emérito Bento, que adormeceu no Senhor, que o eterno pastor o receba em seu reino de luz e paz”, seguido de uma oração “pelo nosso santo padre, o Papa Francisco, e por todos os pastores da Igreja, que eles possam proclamar destemidamente, em palavras e ações, a vitória de Cristo sobre o mal e a morte".
As modificações observadas entre os funerais correspondem aos desejos do Papa emérito Bento XVI, que havia pedido um evento simples, informou Bruni, enfatizando que seria “solene, mas sóbrio”. Após o funeral, seguindo novamente a tradição, o caixão é lacrado e envolvido com fitas, depois é colocado em um caixão de zinco que será soldado e selado, e então colocado em um caixão de madeira. O momento de seu enterro na gruta da Basílica de São Pedro, onde outros papas estão enterrados, é privado, disse Bruni.