Tarifaço dos EUA: Governo não influencia ações de outro Poder, diz Alckmin a empresários em reunião
Presidente americano citou o julgamento de Bolsonaro no STF como justificativa para medida
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, afirmou em encontro com empresários nesta terça (15) que o governo não pode influenciar sobre as decisões de outro Poder. Segundo Alckmin, é necessário "separar questões de natureza jurídica", ao discutir as reações do Brasil ao tarifaço do governo americano.
Na carta em que anunciou a imposição da tarifa de 50% aos produtos brasileiros, o presidente Donald Trump justificou o a medida citando o tratamento dado pelo Judiciário ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a empresas de tecnologia americanas.
Alckmin e ministros se reuniram com empresários da indústria na manhã desta terça-feira para buscar soluções ao tarifaço imposto a produtos brasileiros pelo presidente Trump.
— Primeiramente, separar questões de natureza jurídica, como diz Montesquieu, a separação dos Poderes é pedra fundamental do estado de direito, o governo não tem ação sobre outro poder. E em relação à questão das tarifas, trabalharmos para revertê-las. Elas são absolutamente inadequadas — destacou Alckmin na abertura da reunião.
Além de Alckmin, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento, e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).
— Destacar o empenho do governo federal no sentido de ouvi-los a todas e a todos, a todo o setor privado, e trabalharmos juntos para revermos essa questão das tarifas norte americanas — disse o vice-presidente à empresários.
Em reunião neste domingo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva definiu a criação do comitê com empresários para discutir saídas, sob a liderança de Alckmin.
Alckmin terá duas conversas separadas nesta terça: pela manhã, com lideranças industriais; à tarde, com representantes do agronegócio. O presidente Lula, embora envolvido na articulação política, não participará dos encontros.
A criação do comitê consultivo é parte da tentativa do Planalto de demonstrar coesão nacional diante do tarifaço. Lula quer sinalizar que a taxação imposta pelos EUA é um tema de Estado, e não de gestão, e que precisa mobilizar tanto o setor produtivo quanto a sociedade civil. A ideia é transformar a crise em ativo político, com uma aliança entre o governo e os empresários.
Segundo Alckmin, além das conversas com as cadeias produtivas locais, o governo vai buscar diálogo com empresas e entidades americanas, sobretudo aquelas que mantêm integração com a cadeia industrial brasileira.
Ao todo, compareceram à reunião desta manhã, 37 representantes de setores da indústria, como o presidente da EMBRAER, Francisco Gomes, e o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban.
Confira a lista completa abaixo:
Francisco Gomes Neto, Presidente da EMBRAER;
Ricardo Alban, Presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI);
Josué Gomes da Silva, Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP);
José Velloso, Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ);
Haroldo Ferreira, Presidente-Executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS);
Janaína Donas, Presidente-Executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL);
Fernando Pimentel, Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT);
Paulo Roberto Pupo, Superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
Paulo Hartung, Presidente Executivo da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ);
Armando José Giacomet, Vice-Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (ABIMCI);
Rafael Lucchesi, CEO da Tupy;
Giovanni Francischetto, Superintendente da Associação Brasileira de Rochas Naturais (CENTROROCHAS);
Edison da Matta, Diretor Jurídico e de Comércio Exterior do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (SINDIPEÇAS);
Cristina Yuan, Diretora de Relações Institucionais do Instituto Aço Brasil;
Daniel Godinho, Diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG;
Fausto Varela, Presidente SINDIFER;
Bruno Santos, Diretor Executivo ABRAFE;
Alexandre Almeida, Diretor RIMA.