Completando 50 anos nesta sexta (22), Rodrigo Santoro fala sobre "O Último Azul": "Fui arrebatado"
Ator faz aniverário no mesmo dia que o filme do pernambucano Gabriel Mascaro ganha sua primeira sessão no Recife, no Teatro do Parque
Rodrigo Santoro completa 50 anos nesta sexta-feira (22), mesma data que o filme “O Último Azul”, de Gabriel Mascaro, ganha sua primeira exibição no Recife, no Teatro do Parque, às 19h, com ingressos esgotados. Embora ele não venha à pré-estreia, sua figura estará estampada na tela em um dos papéis mais marcantes do longa-metragem vencedor do Urso de Prata. A exibição faz parte da programação dos 110 anos do cineteatro.
Em entrevista à Folha de Pernambuco, Rodrigo contou que a aproximação com Mascaro partiu de uma iniciativa sua, após ter assistido ao filme “Boi Neon” (2016), também dirigido pelo pernambucano. “Fiquei fascinado, procurei ele e falei: ‘Quero te conhecer um dia e trabalhar com você’”, relembrou.
Foi em Olinda
Após o contato à distância, o encontro entre os dois só foi concretizado tempos depois, em solo pernambucano. Santoro estava com a esposa, Mel Fronckowiak, no Recife, quando recebeu de Mascaro o convite para encontrá-lo em Olinda. “Jantamos juntos e ele arrastou a gente para o Boi da Macuca, que estava passando na rua. Foi uma experiência maravilhosa, inesquecível e aí ficou essa simpatia, essa amizade”, contou.
A intensa agenda de trabalhos de Santoro o impediu de estar no elenco de “Divino Amor” (2019), mas quando o diretor voltou a procurá-lo, desta vez dizendo que havia escrito um papel especialmente para ele, não houve recusa. Embora fosse uma participação especial, com tempo menor em tela, o ator diz ter sido arrebatado pelo roteiro.
No futuro distópico apresentado em “O Último Azul”, o governo do Brasil obriga seus idosos a viverem reclusos em uma colônia habitacional, para que os jovens possam trabalhar sem se preocupar com os mais velhos. Antes do exílio forçado, Tereza (Denise Weinberg) resolve driblar as autoridades para realizar um último desejo: voar de avião.
Cadu, interpretado por Rodrigo Santoro, é um barqueiro solitário contratado por Tereza para ajudá-la a fazer seu sonho se tornar realidade. “O barco é a sua prisão. Ele é um homem amargurado, que sofre por estar longe do seu amor, e que, a partir do encontro com Tereza, vai tomar coragem para lidar com as próprias fragilidades. Acho um arco genial, porque vai na contramão da representação do homem forte que estamos acostumados a ver nos filmes”, analisou o ator.
Imersão
Rodrigo viveu um período de verdadeira imersão no estado do Amazonas. “Sempre tive o sonho e a fantasia de conhecer a Amazônia. Fui agraciado com essa experiência, que me proporcionou não uma viagem turística, mas um mergulho naquele lugar. Passei um mês lá, fiz laboratório, conheci a cultura dos povos ribeirinhos. O mundo inteiro opina sobre a Amazônia e eu acho fundamental ter a experiência de estar lá, porque só assim você começa a compreender a potência daquele lugar”, relembra.
Reconhecimento
Rodrigo Santoro estava ao lado de Gabriel Mascaro e de Denise Weinberg quando “O Último Azul” recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Berlim, em fevereiro deste ano. Um dos rostos brasileiros mais conhecidos em Hollywood, o ator comemora não só essa conquista, mas também o Oscar de “Ainda Estou Aqui” e a vitória de “O Agente Secreto” em Cannes.
“O cinema nacional vem conquistando reconhecimento no mundo há algum tempo, mas eu não me lembro de nada parecido com o que estamos vivendo em 2025. Particularmente, o que me toca é ver o Brasil ser reconhecido pelo nosso cinema, além do futebol, do Carnaval e das belezas naturais. Acho que isso está diretamente relacionado ao nosso amadurecimento como país. É inspirador”, celebrou o ator, que recebeu homenagens pelos seus 30 anos de carreira, no último dia 15, durante o 53º Festival de Gramado.