Cumplicidade na diferença marca a HQ 'Irmãs', da autora norte-americana Raina Telgemeier

Lançado no Brasil pela Devir, publicação traz atributos para chamar a atenção de todos os públicos, sejam filhos únicos, ou não

Trecho da HQ 'Irmãs' - Devir/Divulgação

“Para Amara, obviamente”. A dedicatória é acrescida pelo charme do advérbio que já situa o leitor que a relação entre “Irmãs”, o HQ da norte-americana Raina Telgemeier, não é coisa simples. De fato, é difícil encontrar aquelas que sejam exceção aos impasses que existem quando há duas ou mais crianças em idade próxima convivendo dia e noite.

De caráter autobiográfico, a história narra uma viagem de carro em família, num período em que a internet estava surgindo e, portanto, não há smartphones para diminuir o tédio - ou seja, é muito mais difícil ignorar uns aos outros. Singela e divertida, os quadrinhos de Telgemeier podem encantar todos os públicos, filhos únicos ou não.

A capa não enche os olhos, é verdade. Poderia ser deixada de lado sem muita dó. Mas a escolha pela representação com emojis, um sorrindo e outro chateado, é bem feita. Assim, qualquer uma delas pode ser a enfezada ou a que está se divertindo. Situação que muda constantemente ao longo das lembranças da autora. Sua irmã, Amara, é mais nova e foi pedida por uma Raina de quatro anos insistentemente.

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A alegria de receber uma companhia para brincar foi pouco a pouco diminuída por ter que dividir o quarto, escutar choro e perceber que não é por serem irmãs que as duas vão necessariamente ser amigas. As diferenças de personalidade e gosto entre elas é gritante. Algo que elas têm em comum, além do sangue, é o gosto por desenhar - o que também vira motivo de briga de vez em quando.

Nessa viagem, de São Francisco a Colorado Springs, vamos sendo apresentados a essa família de cinco pessoas (as meninas tem um irmão mais novo, que não faz muita coisa além de ser o caçula fofo-e-chato), que são gente comum e que poderiam ser seus vizinhos, ou mesmo lembrar alguns amigos, se não a sua própria história.

A graça é que não foi criado um faz de conta para mostrar a importância dos irmãos nas nossas vidas, mas mesmo com esses destemperos e diferenças pode surgir uma cumplicidade ímpar, com algum esforço, obviamente.

Capa da HQ 'Irmãs' - Crédito: Devir/Divulgação




Serviço:
“Irmãs”, de Raina Telgemeier
Editora Devir;208 páginas
Preço médio: R$ 30