Venda de falso Mounjaro é alvo de operação da PF com mandados em Pernambuco e outros estados
Segundo a Polícia Federal, o grupo criminoso produzia e comercializava de forma ilegal o princípio ativo usado na caneta emagrecedora
A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quinta-feira (27) uma operação para desarticular uma quadrilha envolvida no comércio ilegal de tirzepatida, princípio ativo do medicamento Mounjaro, utilizado para tratamento de diabetes e obesidade. Ao todo, estão sendo cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Segundo a PF, a quadrilha fazia, de maneira ilegal, a produção, o fracionamento e a comercialização do medicamento. Nas embalagens das caixas, constam o nome do princípio ativo. São alvos da operação clínicas, laboratórios, estabelecimentos comerciais e residências ligadas aos investigados.
Atualmente, conforme a Resolução da Anvisa publicada no Diário Oficial da União em 9 de junho deste ano, o Mounjaro tem comércio rigidamente controlado. Apenas farmácias licenciadas podem vender a substância, desde que o comprador apresente receita médica.
Já foram apreendidos na execução da operação relógios de marca, carros de luxo e também aeronave.
"A investigação identificou que o grupo mantinha estrutura de fabricação em condições incompatíveis com padrões sanitários, realizando envase, rotulagem e distribuição do produto de forma irregular", segundo a PF.
A operação é realizada com o apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das Vigilâncias Sanitárias dos estados de São Paulo, Bahia e Pernambuco.
Produção clandestina
Indícios de produção em série em escala industrial, prática não permitida no âmbito da manipulação magistral autorizada pela legislação vigente, foram descobertos, segundo a investigação.
Ainda de acordo com a PF, a apuração também revelou a comercialização do material por meio de plataformas digitais.
"Sem controles mínimos de qualidade, esterilidade ou rastreabilidade, elevando o risco sanitário ao consumidor. Além disso, estratégias de marketing digital induziam o público a acreditar que a produção rotineira da tirzepatida seria permitida", disse.
As ações realizadas nesta quinta-feira buscam interromper a atividade ilegal, identificar os envolvidos na produção e distribuição, e coletar materiais para análise e perícia dos itens confiscados.
Comercialização ilegal em Pernambuco
Este não é o primeiro caso de comercialização ilegal de Mounjaro em Pernambuco. Em setembro deste ano, um homem de 28 anos que vendia ilegalmente o medicamento foi preso enquanto passeava em um shopping no Recife.
No momento da prisão, as cinco unidades do medicamento foram apreendidas, já que estavam sob posse de uma pessoa física (o suspeito) e não jurídica autorizada (estabelecimentos farmacêuticos).
Cada unidade era vendida pelo valor de R$ 2,5 mil. O homem, portanto, gerava "lucros indevidos com substância sujeita a controle especial, sem habilitação técnica ou autorização sanitária".