CRIME

Chacina de Poção: familiares das vítimas pedem por justiça; réus vão a júri popular nesta quarta

Seis dos sete acusados pelo crime são julgados no Fórum Thomaz de Aquino, no Recife

Ato por justiça marca início do júri popular da Chacina de Poção - Arthur Botelho/Folha de Pernambuco

Momentos antes do julgamento de seis dos sete acusados do assassinato de quatro pessoas em 2015 no Agreste de Pernambuco, no caso conhecido como Chacina de Poção, familiares das vítimas pediram por justiça pelo crime.

A sessão de acusação pública começou na manhã desta quarta-feira (10), no Fórum Thomaz de Aquino, no bairro de Santo Antônio, Centro do Recife.

Lindenberg Filho, de 35 anos, é filho de uma das vítimas do crime, o conselheiro tutelar Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, comentou que está há 11 anos lutando pela condenação dos envolvidos.

"A gente espera que hoje, Dia Internacional dos Direitos Humanos, data simbólica para aqueles que defendem os direitos das crianças e adolescentes, a gente chegue a um desfecho, que aqueles que fizeram essa chacina paguem a mais severa pena em regime fechado", iniciou. 

"É muita dor e sofrimento. Além da gente perder nossos entes queridos, tem que lutar durante quase 11 anos por justiça. Não tem um dia sequer que a gente não tenha ligado para alguém, procurado advogado, buscado movimentos sociais, a classe dos conselheiros tutelares por apenas uma coisa: justiça", completou.

 
 
 
 
 
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O sentimento é compartilhado por Antônio Barbosa Monteiro, pai de José Daniel Farias Monteiro, conselheiro tutelar que também foi vítima do crime.

"É duro, mas a gente tem que tentar. Esperamos que a justiça faça o trabalho dela. É difícil a falta de Daniel, um menino da alta sociedade, muito querido. A perda e a saudade é muito grande", afirmou.


Estão sendo acusados pelo crime a mandante dos assassinatos, a avó paterna da criança e oficial de Justiça Bernadete Siqueira Britto de Rocha; o advogado e amigo íntimo de Bernadete, José Vicente Pereira Cardoso da Silva, de 59 anos; Leandro José da Silva, de 25, conhecido como Léo da Coca; Orivaldo Godê de Oliveira, mais conhecido como Zeto; e Égon Augusto Nunes de Oliveira.

Ednaldo Afonso da Silva, acusado de auxiliar e facilitar a fuga dos executores, está sendo julgado de forma remota.

Em fevereiro do ano passado, Wellington Silvestre dos Santos, apontado como principal executor da chacina, foi condenado a 74 anos de prisão. Ele foi julgado por dois dias no Fórum Tomaz de Aquino, e teve sentença confirmada após um júri formado por sete mulheres considerá-lo culpado.

Relembre o caso
O crime aconteceu dentro de um veículo na zona rural de Poção, a 240 quilômetros do Recife. Foram mortos os conselheiros tutelares Lindenberg Nóbrega de Vasconcelos, de 54 anos; José Daniel Farias Monteiro, 31 anos; e Carmem Lúcia da Silva, de 38. 

Ana Rita Venâncio, de 62 anos, também foi assassinada. Ela era a avó materna de Ana Cláudia, menina que, à época, tinha três anos e estava no carro, mas que sobreviveu ao episódio.

De acordo com a Justiça, a mandante dos assassinatos seria a avó paterna da criança, a oficial de Justiça Bernadete Siqueira Britto de Rocha, que vai a júri nesta quarta.

Bernadete teria contratado o grupo de extermínio para eliminar a família materna e assegurar a guarda da criança, cuja tutela oficial era do pai, José Cláudio de Britto Siqueira Filho. 

Réu condenado a 74 anos de prisão
Em fevereiro do ano passado, Wellington Silvestre dos Santos, apontado como principal executor da chacina, foi condenado a 74 anos de prisão. Ele foi julgado por dois dias no Fórum Tomaz de Aquino, e teve sentença confirmada após um júri formado por sete mulheres considerá-lo culpado.

Ficou determinado que ele deveria cumprir a pena em Pernambuco. À época, ele estava detido na Paraíba, por outro crime.

Quem sãos os réus
Com a condenação de Wellignton, restam os julgamentos dos outros sete réus. São eles: Bernadete e Égon, amigo íntimo do réu já condenado. 

Também foram acusados de participação no delito o advogado e amigo íntimo de Bernadete, José Vicente Pereira Cardoso da Silva, de 59 anos; Leandro José da Silva, de 25, conhecido como Léo da Coca; Orivaldo Godê de Oliveira, mais conhecido como Zeto; e Ednaldo Afonso da Silva, que auxiliou e facilitou a fuga dos executores.