Homem da Meia-Noite, um gigante que requer cuidados

O calunga desfila a partir da 0h do Sábado de Zé Pereira, saindo do Bonsucesso. Seu símbolo é o calunga

Patrimônio Vivo de Pernambuco, calunga completa 86 anos de existência no próximo dia 2 - Alfeu Tavares

Neste ano, o Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite, de Olinda, desfila sob o tema "Gigantes", homenagem às figuras grandiosas que passeiam pelas ruas nos dias de Carnaval. Um dos homenageados, inclusive, é o recifense Clube de Máscaras Galo da Madrugada, o maior bloco do mundo, que faz 40 anos. Tamanha dimensão exige cuidados especiais que estão sendo levados à risca pelas agremiações e pelas autoridades e também devem ser seguidos pelos foliões visando preservar a história de um dos principais ícones do nosso Carnaval.

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Fundado em 2 de fevereiro de 1932, e Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2006, O Homem da Meia-Noite tem como símbolo um calunga, figura mística do candomblé. A transgressão permeia as origens do personagem. Uma das versões dá conta de que o pintor de paredes Luciano Anacleto de Queiroz, apaixonado por cinema, teria se inspirado em "O Ladrão da Meia-Noite”, filme sobre um ladrão classudo que saía de um relógio à 0h gerando pânico na cidade.

Outra versão conta que o marceneiro Benedito Bernardino, autor do "Hino do Homem da Meia-Noite", teria se inspirado em um homem forte, alto e elegante, com um dente de outro, que frequentava o bairro do Bonsucesso trajando roupas verdes e brancas e chapéu preto e pulando escondido as janelas das donzelas da Marim dos Caetés. O tempo passou e a transgressão romântica, ao longo das décadas, ganhou ares mais preocupantes.

O Homem da Meia-Noite desfila a partir da 0h do Sábado de Zé Pereira para o domingo do Rei Momo, saindo do Bonsucesso. Devido a tais condições, sobretudo na atual conjuntura social, os foliões são alertados para terem mais cuidado com a segurança. Apesar da presença de muitas famílias, com crianças que costumam ficar fascinadas com a magia do calunga, sempre são registradas ocorrências, geralmente provocadas por brigas entre pessoas que passam o dia na folia e extrapolam nas comemorações.
Para que tudo transcorra em paz no dia do desfile, a Polícia Militar orienta os foliões a tomarem algumas providências, como utilizar o transporte público; levar poucos objetos pessoais (um documento com foto e o valor em dinheiro relativo ao consumo); não colocar o celular no bolso de trás da roupa; e evitar excesso de bebida alcoólica.

Na última segunda-feira (15), no Sítio Histórico, foi realizada uma pré-vistoria visando à autorização do percurso do ícone olindense, que só deve ocorrer no próximo dia 30, após corrigidos alguns problemas. O Corpo de Bombeiros detectou fios elétricos que necessitam de correção, desníveis e buracos, lixo e pontos de ambulantes e estreitamento naturais de vias. Também está proibida a comercialização de alimentos que tenha produção de gás, como pipoca; de brasas, como espetinho; ou com caldeirões, como milho quente. “É uma orientação nossa para o bloco. Vamos novamente fiscalizar se houver mudanças", falou o tenente-coronel Erick Aprígio.

A Prefeitura de Olinda informou que uma nova vistoria será realizada pela Secretaria de Patrimônio e Cultura e a Celpe para resolver as demandas de fiações. A questão de calçamento e lixo ficará a cargo da administração municipal. Este ano, o clube ainda homenageia o cantor André Rio e o maestro Carlos, que comanda a orquestra do calunga e terá sob a batuta 86 músicos. O carnavalesco Carlos Ivan e pelo artista plástico Silvio Botelho fazem a vestimenta do calunga.