Návila Teixeira: 'Empreendedorismo social mistura sonhos com transformação do Brasil'
Návila é a convidada da semana da Coluna Sucesso. Premiada como uma das jovens empreendedoras sociais do Brasil, Návila Teixeira se tornou CEO do Porto Social aos 25 anos
Návila Teixeira é a convidada desta quarta-feira (18) da coluna Sucesso, uma parceria do Portal FolhaPE com o Sucesso.site, de Felipe, Eduarda e Camila Haeckel. Premiada como uma das jovens empreendedoras sociais do Brasil, Návila Teixeira se tornou CEO do Porto Social aos 25 anos.
"Nunca imaginei que seguiria uma carreira diferente da do meu pai. Eu e minha irmã mais nova decidimos ser engenheiras civis por influência dele. Mas, antes mesmo de me formar, fui apresentada ao empreendedorismo social. O termo ainda me parecia confuso. Nunca tinha ouvido falar. Nem eu, nem a maior parte dos brasileiros. Fruto da falta de engajamento cívico em nosso País. Enquanto nos Estados Unidos oito em cada dez americanos fazem algum trabalho voluntário, no Brasil, a proporção é inversa. Apenas duas em cada dez pessoas se dedicam a alguma iniciativa social.
Conheci o voluntariado através da ONG Novo Jeito, que mobiliza jovens de classe média para ajudar causas e comunidades carentes. Me apaixonei. A partir daí, não parei mais de participar das ações. Ia do Sertão, levar donativos e serviços para os moradores, até a periferia do Recife, cuidar de crianças e idosos. Assim como eu, muitos outros jovens também entraram na mesma motivação e passaram a incluir o voluntariado na agenda do dia a dia. Logo percebi que não queria fazer isso apenas nas horas vagas e me tornei diretora de voluntários da organização.
Ao lado do empreendedor social Fábio Silva, a quem devo uma grande admiração e a guinada na minha vida profissional, participei da criação da plataforma Transforma Recife. A primeira tecnologia do País a proporcionar o encontro de quem quer ajudar com quem precisa de ajuda. Lá os voluntários cadastram suas habilidades e os projetos sociais dizem quais as vagas de voluntariado disponíveis. Visitei dezenas de ONGs que precisavam de voluntários e não sabiam onde encontrá-los. Conversei com centenas de pessoas que queriam fazer o bem mas não sabiam onde. Cada vez mais me impressionava com as possibilidades do que estávamos construindo. Estávamos ajudando quem queria ajudar e, em larga escala, fazendo a ajuda chegar a quem mais precisava. Lindo!
Tantas descobertas me surpreenderam com um prêmio muito especial. Em 2014, fui reconhecida como uma das jovens empreendedoras sociais mais promissoras do Brasil, através do Prêmio Laureate. Tive a oportunidade de conhecer jovens de todo o País que também causam impacto social através das suas profissões e sonham com um Brasil melhor, independente de política ou de dinheiro. Foi uma experiência encantadora.
O convite para assumir a gestão do Porto Social me trouxe um friozinho na barriga, mas foi um daqueles desafios que a gente tem prazer em buscar superar. Hoje, cuido da incubação de 50 projetos sociais que causam impacto nas comunidades e são exemplo de superação e responsabilidade social. Por exemplo: há projetos que trazem inclusão social através da grafitagem (Cores do Amanhã), da música (Instituto Sons do Silêncio), do futebol (Pereirinha Futebol Clube), ou do Circo (Companhia Brincantes de Circo). Há também os que dão visibilidade à luta das mães de crianças com microcefalia (AMAR), ou médicos que dedicam parte do seu tempo a atender pacientes que não tem condições de pagar por uma consulta (Caminho do Bem).
No Porto Social, capacitamos esses projetos para que eles possam ter uma gestão mais organizada, uma comunicação harmoniosa e formas de captação de recursos, para que não dependam apenas de doações. Em tempos de crise como a que o País está vivendo há pelo menos quatro anos, as doações somem, mas os projetos não podem parar, pois se tornaram apoio e esperança pra muita gente. São iniciativas criadas por pessoas comuns, de diferentes classes sociais, mas que decidiram não esperar somente pelo poder público. Elas decidiram agir em prol de uma sociedade mais justa e mais carinhosa a partir daquilo que elas sabem fazer. Nós aprendemos com essas pessoas todos os dias que não é preciso ter muitos recursos ou tempo livre. Para mudar realidades, é preciso atitude e disposição.
Meu sonho é dar cada vez mais visibilidade a esses projetos e proporcionar a eles ainda mais possibilidades de construir um mundo melhor.
Perfil
Formada em engenharia civil pela Universidade Católica de Pernambuco, Návila Teixeira não chegou a exercer a atividade. Antes, se apaixonou pelo voluntariado e pelo empreendedorismo social. A carreira ainda não é conhecida no Brasil, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa, onde há até Pós-Doutorado nessa área.
Antes de se tornar CEO do Porto Social - primeira incubadora de projetos sociais do Brasil, Návila foi diretora de voluntariado da ONG Novo Jeito e fundadora da plataforma Transforma Recife - política pública que promove o encontro entre voluntários e projetos sociais. A tecnologia foi exportada para outras três grandes cidades do País, como Campinas (SP) e Petrópolis (RJ).
Aluna do MBA em Gestão de Pessoas, pela FGV, Návila comanda o Porto Social, que beneficia, a cada ano, 50 iniciativas sociais. Sua atuação acontece ao lado do presidente e criador das iniciativas, Fábio Silva, considerado referência em empreendedorismo social no Brasil. Junto com ele, apresentou o trabalho desenvolvido no País ao Papa Francisco, e participou de eventos internacionais sobre inovação e empreendedorismo social, como o FIIS, no Chile. Casada com Caio Alencastro, Návila sonha em ser mãe de dois filhos.
Para conhecer mais sobre os projetos encabeçados por Návila Teixeira, ser voluntário ou fazer doações, acesse os sites www.portosocial.com.br e www.novojeito.com.br
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