OPERAÇÃO CASAL DO MILHÃO

Operação bloqueia R$ 70 mi de suspeitos de prometer ganhos fáceis com jogos de azar para seguidores

Suspeitos deverão cumprir medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica

Operação Casal do Milhão cumpriu mandados de busca e apreensão - Polícia Civil de Pernambuco/Divulgação

Suspeitos de integrar uma organização criminosa que prometia ganhos fáceis para seguidores em redes sociais por meio de jogos de azar online foram alvo da Operação Casal do Milhão, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco nesta sexta-feira (12). O grupo teria movimentado cerca de R$ 3 milhões oriundos de jogos ilegais. 

De acordo com a corporação, foi efetuado o bloqueio de R$ 70 milhões ligados aos investigados. Cinco pessoas foram presas nas suas casas, na cidade de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, e quatro delas terão que cumprir medidas cautelares, incluindo uso de tornozeleira eletrônica.

A quadrilha é suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro, exploração de jogos de azar e estelionato. O casal, líder da organização criminosa, induzia seguidores ao erro ao propagar a promessa de dinheiro fácil.

Segundo a Polícia Civil, que iniciou as investigações em abril do ano passado após a apreensão de dinheiro cenográfico com um influenciador digital qua atua em Paulista, o estelionato era praticado pela manipulação dos espectadores em plataformas digitais e a lavagem de dinheiro por meio de ocultação e dissimulação dos valores provenientes das apostas ilegais.

"Com essa informação das cédulas falsas, cenográficas, ele confirmou que fazia algumas rifas, em publicação de jogos em suas redes sociais. Isso me chamou atenção. A gente instaurou inquérito policial para identificar e, realmente, a gente identificou que ele publicizava esse tipo de jogo, que no Brasil é ilegal", afirmou o delegado Adyr Martens.



A organização criminosa, considerada "estruturada e hierarquizada" pela polícia, foi mapeada em sua totalidade. Os investigados, acrescenta a corporação, eram responsáveis por movimentar cifras milionárias oriundas de jogos de azar não autorizados e sem lastro de origem lícita. Ao todo, 12 pessoas estão sendo investigadas. 
"Algumas delas a gente não conseguiu identificar onde estavam residindo, mas elas continuam sendo investigadas e, possivelmente, vão ser indiciadas", destacou o delegado, que explicou como a prática acontece.
Adyr Martens informou que, geralmente, o dono da empresa consegue licença para explorar no cassino virtual e contrata influenciadores digitais para publicizar os jogos ilegais.

"Uma porcentagem desses seguidores que vão fazer apostas, geralmente 40% ou até mesmo 50%, fica com o influencer e uma parte e o dono com a outra metade", destacou Martens, destacando que, contra o influencer envolvido havia denúncia de que ele realizava rifas sem ganhadores.

Tais lucros ilícitos atingiram patamares milionários e, de acordo com a polícia, "demonstram a gravidade e sofisticação do esquema criminoso".

"O influenciador acaba integrando a organização criminosa de jogos, de apostas ilegais, e cometendo crime de organização criminosa voltada para o jogo ilegal. O dinheiro que eles ocultam, não prestam contas às autoridades fazendárias, Receita Federal, os objetos que eles compram, carros caros, eles deixam no nome de outras pessoas e isso no Brasil se chama lavagem de dinheiro. É um crime", detalhou o delegado.

Foram apreendidos três veículos de luxo, motos, perfumes, relógios, celulares e uma arma. A influenciadora presa teria informado que alguns itens eram falsos.

"Ela utilizava as redes sociais para mostrar um luxo, demonstrar que tem dinheiro, mas, segundo ela, seriam bolsas falsas", comentou o delegado.

Quatro mandados de busca e apreensão domiciliar, quatro mandados de monitoramento eletrônico cautelar e ordem judicial de bloqueio de ativos financeiros foram efetuados. As ordens judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Criminal de Paulista.