TRAGÉDIA EM OLINDA

Moradora de residencial que desabou em Olinda procura gatos que ficaram presos nos escombros

Auxiliar de cozinha de 54 anos não estava em casa quando tudo aconteceu

Auxiliar de cozinha Sandra Moura mora no imóvel, mas não estava no momento da tragédia - Davi de Queiroz/Folha de Pernambuco

Após o desabamento de um residencial no bairro de Ouro Preto, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife (RMR), que deixou dois mortos e dez feridos, a auxiliar de cozinha Sandra Moura, de 54 anos, tenta recomeçar a vida.

Ela perdeu tudo e agora procura pelos dois gatos de estimação: Thor e Cléo.

Logo no início da manhã desta segunda-feira (20), foi possível avistar Thor, que apareceu perto da caixa d’água, no primeiro andar. Ele, porém, não conseguiu sair, porque o local tem grades. Sandra cria Cléo há três anos e Thor há cinco.

“Thor é bem esperto. Se fosse um menino, ele me daria muito trabalho. Já Cléo é mais tranquila e tem instito de caça. Minha preocupação é que eu ainda não a vi. Os vizinhos disseram que ela estava por aí. Acredito que esteja reservada. Thor já me reconheceu. Agora é só esperar um pouquinho para que eu possa pegá-lo”, explica ela.

A Defesa Civil de Olinda foi ao terreno onde aconteceu o desabamento nesta segunda-feira para fazer vistorias

O idoso José de Lima, 67 anos, segue internado no Hospital da Restauração (HR), no Derby, centro do Recife. Ele teve 85% do corpo queimado, está em estado grave, entubado, com vários inchaços no corpo e principalmente no rosto.

Livramento
Sandra mora há cinco meses no residencial e não estava em casa quando a estrutura ruiu. Ela saiu, ontem às 6h30, para trabalhar na Tamarineira, Zona Norte do Recife. Foi quando recebeu, por volta das 10h30, a notícia através de uma amiga.

“Minha amiga me perguntou se eu já tinha agradecido pelo livramento. Eu pensei que fosse alguma coisa relacionada a trânsito. Não entendi. Quando eu peguei nas mãos dela, senti que estavam trêmulas. Foi aí que ela me falou da explosão, que tudo foi abaixo e houve vítimas [fatais]. Num momento como esse você não sabe o que falar e pensar. Eu só me desesperei”, detalhou ela.

Hoje, Sandra agradece pelo livramento, reflete sobre o ocorrido e visa um recomeço. O trabalho para reconquistar o que se foi vai ser intenso.

“É uma sensação que a gente não sabe descrever. É uma dor muito grande. Agradeço a Deus pelo livramento e pela oportunidade da vida. Ele é o Deus que tudo sabe, tudo pode e tudo criou. Ele tem um propósito nas nossas vidas, mesmo que a gente não entenda. Dá para entender?”, questiona.