Mapa do Vinho: Malásia
Na Malásia são produzidos “vinhos” de arroz, palma e de outras fruta
Cumprindo promessa, escrevo sobre essa região do mundo. Talvez sua geografia dos países asiáticos estivesse desatualizada. Afinal, em vários sentidos, são tão distantes de nós! Mas o vasto noticiário da recente viagem turística de Janja e do encontro midiático de Lula com Trump – alguém sabe dizer se houve algum efeito prático no tarifaço? – certamente reavivou sua memória.
A Malásia é um país que compreende dois territórios distintos: a parte sul da península Malaia, com as ilhas adjacentes, e uma seção do norte da ilha de Bornéu, separados pelo mar da China. A capital é Kuala Lumpur e Putrajaia a sede do Governo Federal. Ela tem suas origens no reino malaio da região, tornando-se, a partir do século XVIII, parte do Império Britânico. É incrível, leitor, como quase todas as nações que tiveram influência britânica evoluem bem. Como é o caso da Malásia, cuja independência só se deu em agosto de 1957.
Trata-se de uma Monarquia Eletiva Constitucional Federal, cujo rei é eleito entre os governantes hereditários dos nove estados malaios, a cada cinco anos. Interessante, não? O chefe de governo é o primeiro-ministro. Nos últimos anos a Malásia tem tido um dos melhores registros socioeconômicos na Ásia, com uma economia crescendo, em média, 6,5% ao ano, ficando em terceiro lugar no Sudeste Asiático.
Ah, quem dera Lula tivesse aprendido alguma coisa nessa viagem! Faltando dizer que, embora haja liberdade de escolha religiosa, a religião oficial, que prevalece no país, é o islamismo. Cujo inspirador, o profeta Muhammed, dizia que o vinho era a mãe de todos os demônios! Com todo respeito, seu Maomé, que furada! Esse foi um dos grandes motivos para a fraca história enológica do país, agravado pelas condições climáticas e de solo desfavoráveis.
Durante décadas, cerveja, uísque, gin e outros destilados locais eram as bebidas alcoólicas preferidas dos malaios, mas isso vem mudando paulatinamente, em favor do vinho. Cujo consumo tem crescido continuamente, a uma taxa em torno de 3 a 5% ao ano, sobretudo na população mais jovem (ao contrário do que acontece em várias partes do mundo). Isto pode ser atribuído a uma série de fatores, tais como uma maior exposição à cultura e aos hábitos ocidentais, incluindo interesse no vinho como um símbolo de sofisticação e status.
Ademais, os consumidores estão considerando os benefícios para saúde, em comparação às outras bebidas alcoólicas. Permeando todo esse cenário, um constante crescimento de classes sociais mais abastadas. Levando a um maior interesse por vinhos importados, de melhor categoria. Entendido, Murilo, mas cadê a produção vitivinífera do país? Aí a história muda. Após demorada pesquisa, amigo, cheguei à conclusão que ela não existe! Ao menos, pela nossa visão formal do vinho, a partir da uva.
Lá são produzidos “vinhos” de arroz, palma e de outras frutas, algumas exóticas para nós: mangostão, durião, abacaxi, hibiscus... Há também bebidas saborizadas e cromatizados para simularem vinho (que coisa feia!). Por fim, alguns exemplares “made in Malaysia” elaborados com mosto ou suco de uvas importados da Austrália, Chile e países europeus, engarrafados e rotulados no país.
Pois é, fiz tanto esforço para lhe falar do Vinho da Malásia e... faz mal não. Gostei do que li sobre a pujança dessa nação asiática, o que aguçou me constante desejo de conhecer a região. Quando fizer isso, leitor, vou fuçar o mercado local e quem sabe encontro algum vitivinicultor malaio. Se conseguir, trago uma garrafa para beber com você. Quem sabe, daqui pra lá teremos coisa boa para comemorar. Tim, tim, brinde à vida.



