Metanol, com ou sem gelo?
No Brasil, podemos nos queixar de tudo, menos de falta de emoção! A cada esquina, um sobressalto. Bem, lá no Planalto todo dia tem um mas, esquisitamente, essa falsificação não veio de lá, surgiu no país todo. Deixando brasileiros em polvorosa.
Como você, leitor, a essas alturas já sabe, mesmo em pequenas doses, o metanol é um álcool muito danoso para saúde, que nosso corpo metaboliza em formaldeído e ácido fórmico, substâncias tóxicas e potencialmente fatais.
Ele é encontrado em muito baixas concentrações – considerada segura em taxas de 0,01% - em quase todas as bebidas, pelo processo natural de fermentação. Como todo produto industrializado, sob bom controle do fabricante e devido olhar dos organismos oficiais. Eis aí onde começa
o problema.
Em 2016, o órgão responsável pela fiscalização no Brasil, o SICOBE, foi fechado pela Receita Federal (RFB), sob alegação de altos custos. Saúde nunca foi prioridade mesmo, não é? Desde então, o TCU determinou ao menos duas vezes a reativação do mecanismo. Mas a AGU alegou incompetência do TCU para o tema, respaldando a decisão da RFB.
A disputa foi terminar no STF (desculpe o palavrão!) e em abri deste ano, em decisão liminar monocrática, o
ministro Cristiano Zanin suspendeu os efeitos das decisões do TCU. Para Zanin, a suspensão do SICOBE foi determinada com “ampla fundamentação técnica”.
O resultado está aí! Agora o STF está voltando a analisar a matéria! Somos de fato uma grande Marquês de Sapucaí, amigo. Ah, mas intoxicações por metanol ocorrem em todo mundo, Murilo. É verdade. A Médecins Sans Frontiers (Médicos Sem Fronteiras) estima mil ou mais casos por ano, com ênfase histórica para países da Ásia (Indonésia, Índia, Camboja, Vietnã, Filipinas e Rússia, na cabeceira). Mas, nos últimos seis meses, foram 10 casos confirmados em Bangladesh e Índia (entre outros), contra 41 casos no Brasil (até dois dias atrás)! Estamos sempre nos primeiros lugares, das coisas ruins! Eita, vão dizer que não sou defensor da “soberania nacional”.
Amigo, sofro muito com meus dois olhos que (ainda) enxergam! Porém, também temos notícias “alvissareiras”. Enquanto estávamos entretidos com o metanol, eis que o Brasil
ganhou a primeira “presidenta” consorte! Que foi comemorar essa indicação lá na França. Huuuum!
Faltando dizer que, pra fugir do metanol, tenha muito critério na escolha do fornecedor. Em vez dos destilados, dê preferência a cervejas e vinhos, onde a adulteração com esse álcool é bem menor. Mas não é nula (Itália, em 1986, que o diga). Sempre analise aspecto do lacre, do rótulo e dos selos de controle.
Portanto, respondendo à pergunta do título, sem gelo, por favor. Será? Outro dia vi uma matéria de sorvete com vinho tinto. Mas esse é outro assunto. Tim, tim, brinde à vida. Que embora difícil, ainda continua.



