Almoço, conversas e certeza de votos
Márcio Didier
Editor do Blog da Folha
O almoço do presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), com a bancada pernambucana começou com atraso, provocou irritação de alguns dos presentes. Por compromissos no interior do Estado, Danilo Cabral (PSB) e o ministro das Cidades Bruno Araújo, não esperaram a chegada do democrata. Mas uma hora depois do início, no final do encontro, no entanto, a sensação em todos os presentes, que incluía parlamentares de outros Estados do Nordeste, era a de que Maia caminha sem problemas para se manter no comando da Casa.
“Se eu decidir disputar a eleição...”, iniciava o atual presidente da Câmara quando as perguntas dos jornalistas eram direcionadas à disputa. A palavra “reeleição” é riscada do dicionário de Maia. “Venci uma eleição suplementar para um período determinado. Agora, se for candidato, vou pleitear um mandato completo de dois anos”, repetia, como um mantra.
No público de quase quarenta parlamentares, dos quais 19 deputados pernambucanos e outros de Estados nordestinos e de três ministros do Governo Michel Temer ¬ Mendonça Filho (Educação), Bruno Araújo (Cidades) e Fernando Filho (Minas e Energia) –, poucos se colocavam contra o democrata. “Voto em André Figueiredo (PDT-CE)!”, exclamou em voz alta, a ponto de ser ouvido fora da sala, o deputado pernambucano Silvio Costa (PTdoB), durante o encontro a portas fechadas com o democrata.
Antes, porém, cobrou do presidente alguns pontos da reforma política. Criticou o prazo de um ano para a questão do domicílio eleitoral – “nem deveria ter esse negócio de domicílio eleitoral, mas já que tem, deveria ser apenas seis meses” – e defendeu o retorno do financiamento privado de campanha.
Sílvio, inclusive, provocou os colegas de bancada. A Tadeu Alencar (PSB), que todos diziam ter estar por trás do almoço, disparou: “Tadeu é o único coordenador de campanha que não anuncia o voto”. O socialista sorriu e continuou a dar a entrevista. Ao passar por uma roda de conversa em que estavam Luciana Santos (PCdoB), Rodrigo Maia, Severino Ninho (PSB) e dois jornalistas, espetou: “Olha Luciana. Disse que o PCdoB estará com Maia”. A comunista sorriu, mas não fez comentários, pois o próprio Silvio emendou: “Agora, no segundo turno eu voto em você”, disse, se dirigindo ao democrata.
Além de Silvio, os petebistas Jorge Côrte Real e Zeca Cavalcanti se declaravam eleitores do colega de partido Jovair Arantes, que tenta sedimentar a sua candidatura.
Depois do almoço, em que os convidados que pagaram R$ 100 puderam escolher entre bacalhau ou filé, e das entrevistas pós-encontro, um grupo de deputados, além do ministro Mendonça, se juntou num canto da sala de reunião para jogar conversa fora. Maia acompanhou parte das histórias de Heráclito Fortes (PSB-PI), depois começou a se despedir. Depois partiu para Toquinho - onde ficará na casa do ministro e companheiro de partido Mendonça Filho possivelmente até a segunda-feira (9) -, com a certeza de que, se não agregou novos votos, ao menos consolidou os que já tinha, abrindo caminho para a (re) eleição à presidência da Câmara.



