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Joaquim Barbosa pode ser o 'outsider' de 2018

O ex-ministro Joaquim Barbosa, que pode ser candidato à Presidência, ganhou força como "antipolítico"O ex-ministro Joaquim Barbosa, que pode ser candidato à Presidência, ganhou força como "antipolítico" - Felippe/STF
Apesar de muitos candidatos se apresentarem como não políticos, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa (PSB), é a verdadeira figura do outsider nesta eleição. Mesmo sem ainda ter se apresentado como presidenciável, o ex-ministro, que fez carreira no Judiciário, simboliza a imagem do “pobre que cresceu na vida” e incorpora a face do “incorruptível”. Com a inviabilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a ascensão de Barbosa, a balança de poder entre PT e PSB pesou para o lado socialista. Barbosa, que se filiou ao PSB, e ainda não se lançou como pré-candidato, teve entre 8% a 10% da preferência do eleitorado, segundo pesquisa Datafolha divulgada no final de semana. À frente, por exemplo, do tucano Geraldo Alckmin.

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Os cientistas políticos concordam que Barbosa é o único outsider desta eleição e que ganhou força, neste ambiente fragmentado, com o a imagem de antipolítico. O cientista político Guilherme Simões Reis, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), destacou que “Barbosa é o candidato da criminalização da política”. Reis explicou que, enquanto ministro do Judiciário, Barbosa vendia a ideia de que "a política é necessariamente impura" e hoje, ironicamente, ele se coloca no meio entre direita e esquerda, mas não como centro e sim como “honesto”.

Já o cientista político Elton Gomes, da Faculdade Damas, avaliou com ceticismo o possível desempenho do ex-ministro nas eleições. “Ele enrobustece, mas não revigora. Não consegue substituir Eduardo Campos naquele projeto de transformar o PSB na terceira legenda do País, numa legenda de nível nacional em condições de quebrar a polarização entre PT e PSDB”, avaliou. Gomes, todavia, destacou o caráter pragmático desta reaproximação: “o PT vê na aliança com o PSB a possibilidade de voltar a ter representatividade, enquanto que o PSB quer uma aliança com o PT para inviabilizar a candidatura de alguém que vem crescendo, que é a vereadora do Recife, Marília Arraes (PT)”.

   Alianças

Muitos socialistas acreditam que a postulação de Barbosa - que ganhou a pecha de algoz petista, após o julgamento da Ação Penal 470, conhecida como Mensalão - não inviabilizaria costuras regionais, inclusive em Pernambuco, onde as articulações estavam ocorrendo verticalmente - das instâncias nacionais para as locais e tinha Lula como polo de atração.

Mesmo sem Lula, a aliança interessa ao PSB, do governador Paulo Câmara. O presidente nacional da sigla socialista, Carlos Siqueira, pontuou que as alianças estaduais obedecem a lógica da realidade local. “Da nossa parte [do PSB], continuaremos a apoiar candidatos do PT, independente da candidatura nacional, aonde esta hipótese configurar-se de interesse recíproco dos dois partidos”, ponderou.

O deputado federal Julio Delgado (PSB-MG) avaliou que o tempo vai ajudar a diluir a resistência dos petistas a Barbosa, sobretudo, agora que o polo de força mudou de lado. “Isso [a resistência petista] vai diluir ao longo do tempo. O Lula não sendo candidato, esse apelo por um candidato do PT não tem o mesmo peso”, disse. Um petista, em reserva, destacou que há um desconforto em apoiar Barbosa. Já o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou à Rádio CBN que a candidatura do ex-ministro seria empecilho para diversas alianças locais.

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