Presídio de Pernambuco elege sua primeira Miss Trans
As dez candidatas participantes desfilaram com trajes esporte fino e de gala, avaliadas por quatro jurados, mas nas apresentações individuais o argumento de que o evento no presídio se instala como uma quebra de preconceito e valorização à mulher foi unânime. A vencedora Cris Rayanny Abravannel, 28 anos, considerou a sua vitória um avanço. “Com simplicidade em primeiro lugar, agradeço a oportunidade e que esse evento de valorização a nós mulheres seja um incentivo a todas que estão lá fora”, destacou.
Com a plateia formada, em sua maioria, por homens presos e profissionais da unidade, não faltou aplausos às candidatas, inclusive com direito a cartaz. A vencedora do segundo lugar, Maria Clara de Araújo, 18 anos, é concessionada, ou seja, exerce trabalho remunerado no setor de Saúde e toda a equipe estava na torcida. “Viver isso aqui está sendo maravilhoso, precisamos de muita força e estamos na luta para quebrar o preconceito que existe contra nós”, afirmou. Ela destacou o apoio recebido pela gerência do estabelecimento prisional.
A apresentação do concurso, organizado pela policial penal e coordenadora do pavilhão LGBT, Maria das Graças, contou com a participação da Miss Musa Pernambuco, Bruna Mikaelly Barbosa, e todas as participantes foram presenteadas. A artista plástica Monica Maria de França também apoiou a iniciativa. O gerente do PIG, Charles Belarmino, considera o concurso mais um grande passo no respeito à diversidade. “Procuramos respeitar a dignidade de cada uma levando-a ao convívio dentro da cadeia através do trabalho e cursos profissionalizantes”, explicou Belarmino.
PAVILHÃO – O PIG abriga presos do regime fechado e dispõe de um pavilhão específico para o público LGBT, mais conhecido como Sem Preconceito, onde mulheres trans e travestis convivem como se fosse numa casa, com tarefas diárias e praticamente sem grades. Há 23 transexuais e travestis recolhidas no pavilhão implantado em 2015.




