Reajuste colocado no cabo de guerra de 2018
Márcio Didier
Editor do Blog da Folha
É bem capaz de jurarem que não tem nada a ver com 2018. Mas é sintomática a coincidência temporal entre o anúncio do Governo do Estado de reajuste nas tarifas de ônibus e a decisão, comunicada momentos depois pelo Ministério das Cidades, de que o metrô do Recife não sofrerá aumento de preços. É mais um cabo de guerra, com eleição para o Governo do Estado no meio. O jogo sendo jogado.
O reajuste de 14, 26% nas passagens de gerou uma onda negativa nas redes sociais. Em pouco mais de três horas de postada no Portal FolhaPE, a notícia já contava com mais de 800 compartilhamentos e 130 comentários pouco elogiosos à atual gestão estadual.
Difícil achar alguém que tenha ficado minimamente satisfeito com o reajuste. E não sem motivo. Quando em campanha, o governador Paulo Câmara prometeu uma tarifa única de R$ 2,15. Bem distante dos R$ 3,20 do anel A, ou R$ 4,40, do B.
Além disso, só este ano foram mais de 100 assaltos a coletivos, que, no verão, percorrem as ruas sem ar-condicionado. Quando as Kombis invadiam as principais cidades do Grande Recife, lá pelos idos do Governo Jarbas Vasconcelos, os ônibus tinham refrigeração. Ou seja, os usuários vão pagar mais, correndo o risco de assalto e no calor.
Comandado pelo deputado federal licenciado Bruno Araújo (PSDB) - nome colocado em todas as conversas políticas como candidato ao Governo do Estado -, o Ministério das Cidades divulgou a nota em que faz questão de ressaltar que “pelo sexto ano consecutivo, a tarifa de metrô permanece sem aumento”.
“Diante das dificuldades financeiras enfrentadas pela maioria da população brasileira, o Governo Federal permanece no caminho de avançar em uma política de gestão compatível com as necessidades de transporte de todo o Recife, contribuindo para que as tarifas de transporte sejam as menores possíveis”, diz a nota do ministério.
Alguns ingredientes podem ser acrescentados. Em maio do ano passado, o governador Paulo Câmara retirou o PSDB da gestão no mesmo dia em que Bruno foi confirmado no ministério. Depois, o socialista fez alguns acenos para o PSDB, sem encontrar aconchego no ninho tucano.
Depois de confirmados, os quatro ministros com base no Estado – o próprio Bruno, Mendonça Filho (DEM – Educação), Fernando Filho (PSB – Minas e Energia) e Raul Jungmann (PPS – Defesa) – passaram a falar num tal de G4, um grupo de conversas que poderia, nas palavras de aliados deles, evoluir para uma aliança eleitoral em 2018.
Diante de tudo isso, incluindo o desgaste do Governo do Estado com tal decisão, o anúncio do Ministério das Cidades sinaliza como mais um lance de 2018. Agora, é esperar as próximas jogadas.
Veja a nota do Ministério das Cidades:
O Metrô do Recife, administrado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)s informa que, a partir de uma política do Ministério das Cidades e do Governo Federal de contribuir com o transporte coletivo da população brasileira, decidiu manter a atual tarifa aplicada.
Importante ressaltar que, pelo sexto ano consecutivo, a tarifa de metrô permanece sem aumento e que o valor atual corresponde a apenas 20% das despesas do metrô, CBTU-RECIFE, permanecendo o Ministério das Cidades, responsável por 80% dos custos com o transporte de passageiros da Região Metropolitana do Recife.
Diante das dificuldades financeiras enfrentadas pela maioria da população brasileira, o governo federal permanece no caminho de avançar em uma política de gestão compatível com as necessidades de transporte de todo o Recife, contribuindo para que as tarifas de transporte sejam as menores possíveis.


