Sáb, 20 de Dezembro

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Religião, política e Robinson Cavalcanti

Edward Robinson de Barros Cavalcanti Edward Robinson de Barros Cavalcanti  - Reprodução da internet

Hely Ferreira * 

Em 1977, o pastor (na década de 1990, sagrou-se bispo da Igreja Anglicana), advogado, professor, sociólogo e amigo Edward Robinson de Barros Cavalcanti se tornou o primeiro cientista político no Nordeste.

A partir daí, seus pensamentos ecoaram pelo mundo. Analisando o Brasil, costumava dizer que existem muitas casas-grandes e poucas senzalas, onde o autoritarismo tem se tornado uma das principais marcas históricas. A democracia é utilizada apenas como parte de um refrão. O que prevalece é o preconceito com relação ao negro, a mulher e o protestante, sendo valorizados apenas no período eleitoral.

Em contrapartida, a chamada elite brasileira, goza de privilégios, já que a mesma prefere não incluir toda a população no exercício pleno da cidadania. Para ela é algo desafiador já que sua postura ao longo dos anos, tem sido de práticas perversas.

Com relação às cidades nordestinas, afirmava que “há cidades decadentes, na verdade, o progresso nunca veio”.

Falava de 1964, como o desrespeito a Carta Magna de 1946. Dizia que os sindicatos, partidos políticos e o movimento estudantil funcionavam a todo vapor.

No que diz respeito à América Latina, sua visão era de que “se destina ao consumo externo, com sinal de civilização perante o primeiro mundo e os organismos internacionais”. Os donos do poder semearam um tipo de “democracia conquanto que o povo fique no seu lugar”.

Assim, os dominadores continuavam mantendo privilégios mediante a autoexclusão da partilha do poder. Segundo Robinson Cavalcanti, o presidencialismo na América Latina, funciona para passar a falsa ideia de que temos democracia.

Como pensador político-cristão, acreditava que a possibilidade de modificação estaria em uma fé engajada, aprendendo com o pensamento antropológico bíblico. A falta de valores morais é o retrato do que o pecado fez e faz na vida pública, promovendo desonestidade, corrupção, etc...

Na visão de Robinson Cavalcanti, a crise das utopias tem provocado uma busca em retomar à era pré-moderna (tradição, ordem, autoridade), como resposta ao momento de insegurança provocada por mudanças como: racismo, extremismo religioso, etc...

P.S. Este artigo é um resumo de uma palestra proferida na Unicap.

Hely Ferreira é cientista político e escreve no Blog da Folha nas quintas-feiras.

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