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Alergia não precisa ser motivo para abrir mão do pet e, muitas vezes, nem está ligada ao animal 

Abandono de animais é crime e pode ter detenção de até cinco anos no Brasil

A alergia a animais é causada por uma reação do sistema imunológico a proteínas advindas dos petsA alergia a animais é causada por uma reação do sistema imunológico a proteínas advindas dos pets - Babydov / Pexels

O Dia Mundial da Alergia aconteceu nesta semana, no último dia 8. A doença se configura como uma resposta exagerada do sistema imunológico a substâncias que são inofensivas, como poeira, medicamentos, alimentos e até pelos de animais. Neste último caso, muitas pessoas optam por cortar completamente a convivência com pets, antes mesmo de ter certeza que o animal é a causa da alergia. 

Brianna Nicoletti, médica especialista em alergia e imunologia, explica que a alergia a animais é causada por uma reação do sistema imunológico a proteínas advindas dos pets. O organismo da pessoa alérgica reconhece o alérgeno como uma “ameaça” e entra em uma reação inflamatória, liberando substâncias como a histamina.

“Isso gera os sintomas típicos: espirros, nariz entupido ou escorrendo, coceira nos olhos na garganta, coceira e dermatite na pele, tosse, falta de ar e até crises de asma em casos mais sensíveis”, explicou.

A médica alergista afirma que a intervenção pode envolver diversos cuidados como a lavagem nasal diária, que auxilia a hidratar a mucosa e retirar partículas de sujeira e alérgenos que vão se acumulando nela e nos pelinhos do nariz.

“Pode-se fazer tratamento com sprays nasais e/ou antialérgicos de segunda geração, seguros para serem utilizados de maneira prolongada, desde que exista acompanhamento médico”, recomendou Nicoletti.

A médica ainda indica a possibilidade de imunoterapia (vacina de alergia) com um especialista, sendo uma forma segura e eficaz de treinar o corpo a reagir menos aos alérgenos ao longo do tempo.

“A alergia não precisa ser o fim de uma relação de afeto. Nosso corpo pode ‘reaprender’ a conviver com o que antes parecia um gatilho, e é isso que tratamentos como a imunoterapia proporcionam: a chance de viver com menos sintomas e mais liberdade. Com os avanços da medicina, é possível escolher o amor, sem abrir mão da saúde”, ressaltou.

De acordo com o médico-veterinário da Petlove, Pedro Risolia, nem sempre as alergias vêm dos pets, já que os gatilhos das crises relacionadas ao contato com os animais podem surgir de tapetes, carpetes e até do ar-condicionado, necessitando um olhar profissional para concluir a causa dos sintomas.

Mulher com sintomas de alergia ao lado de um gato - Pexels
Mulher com sintomas de alergia ao lado de um gato - Pexels

“O pelo em si não é o maior motivo para desencadear as crises, elas acontecem por fatores como caspa, restos de urina e saliva que muitas vezes podem estar no corpo do animal. Banhos, no caso de cães, podem auxiliar na diminuição desses agentes alérgicos. Os felinos podem ser escovados, de preferência em ambientes ventilados, de modo que não fiquem resíduos e amenizem os problemas causados”, comentou.

O veterinário também afirma que a limpeza regular do ambiente é importante, assim como a higiene no local onde o pet realiza as necessidades, seja na caixa de areia ou no tapete higiênico, tornando o espaço menos propício para as alergias. 

Segundo Risolia, ainda é válido checar a ração do pet com um profissional, a fim de entender se ela é adequada e possui toda a nutrição que o animal necessita. Assim, a tendência é que a pelagem e a pele se mantenham saudáveis e, consequentemente, com menos caspa. 

“Ir ao veterinário com regularidade também é fundamental para entender se o animal está bem e se possui alguma condição de saúde que o faça ter descamações em excesso”, recomendou.

Abandono

É importante ressaltar que os animais não carregam culpa nenhuma relacionada à alergia de alguém da família tutora. Eles não devem ser penalizados por isso. Muitos podem pensar em se desfazer do pet em situações do tipo, como se os animais fossem objetos desprezíveis em situações de descontentamento.

Mas, além de ser uma atitude covarde, o abandono de animais é considerado crime no Brasil, previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), com pena de detenção de três meses a um ano e multa. A Lei nº 14.064/2020 também regulamenta a ação e aumentou a pena para maus-tratos a cães e gatos, incluindo o abandono, para reclusão de dois a cinco anos, além de multa e proibição da guarda de animais.

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