Ter, 16 de Dezembro

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Marcella Balthar

COP30: O futuro da Amazônia passa pelas finanças de impacto

Em Belém, a COP30 acontece em um momento importante para as discussões climáticas, colocando a Amazônia no centro do debate internacional. No encontro entre pesquisadores, lideranças locais, setor privado e organizações da sociedade civil, ganha força a necessidade de compreender como diferentes formas de capital podem apoiar modelos de desenvolvimento que dialoguem com a realidade da região.

Foi nesse contexto que participei do painel Systemic Investing and a Multicapital Approach to Finance Sustainable Businesses in the Amazon, realizado na Social Innovation House, iniciativa do Catalyst Now em parceria com a Amazon Investor Coalition. O painel reuniu especialistas do campo das finanças de impacto para discutir caminhos possíveis e desafios presentes no financiamento de negócios sustentáveis na Amazônia.

O debate abordou mecanismos financeiros que consideram múltiplas dimensões de valor, incluindo aspectos econômicos, sociais, ambientais, culturais e humanos, dentro de uma lógica sistêmica. Embora seja um conceito amplamente discutido, sua implementação ainda demanda alinhamento entre investidores, empreendedores, comunidades e formuladores de políticas públicas.

Estiveram comigo na mesa Maria Laura Florido (Impact Earth), Lucas Conrado (Estímulo Impact Fund), Bruno Girardi (Sitawi), Sarah Siqueira (Climate Ventures) e Maria Amália Souza (Fundo Casa Socioambiental), com moderação de Marcelo Cwerner, da Amazon Investor Coalition. As contribuições destacaram tanto o potencial quanto a complexidade de apoiar iniciativas que já despontam na região, muitas delas criadas por comunidades que conciliam saber tradicional, organização produtiva e proteção territorial.

Entre os pontos recorrentes, apareceu a importância de aproximar capital e propósito dentro de uma lógica de longo prazo. O investimento de impacto, quando orientado por uma visão sistêmica, pode contribuir para fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, apoiar povos e comunidades locais e ampliar modelos que conciliem geração de renda com conservação.

A Social Innovation House, dentro da COP30, funcionou como espaço de diálogo entre diferentes atores que atuam ou financiam projetos na Amazônia. Em um ambiente diverso, a troca de experiências ajudou a ampliar a compreensão sobre oportunidades, limites e caminhos possíveis para avançar no tema.

Belém se tornou, nesses dias, um ponto de encontro para reflexões sobre como financiar de maneira mais consistente o futuro da região. A Amazônia traz desafios complexos, mas também conhecimentos e soluções que já existem no território. A discussão agora é sobre como ampliar essas iniciativas de forma estruturada, respeitando a diversidade e as dinâmicas da floresta e de suas populações.

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