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Papo de Primeira

HQ’s de obras-primas brasileiras com traços contemporâneos

Campanha valoriza a brasilidade e fortalece o vínculo dos jovens com a literatura nacional

Freepik

A literatura brasileira ganhou novas cores, traços e linguagens. A SOMOS Literatura apresenta a campanha Clássicos Brasileiros em HQ, uma iniciativa que transforma algumas das obras mais icônicas do país em histórias em quadrinhos. Com ilustrações vibrantes e respeito ao conteúdo original, a campanha aproxima estudantes e leitores dos grandes nomes da literatura nacional, com destaque para o lançamento da HQ Iracema, ilustrada pela artista indígena Raquel Teixeira.

Natural do estado do Amazonas, Raquel imprime em Iracema uma estética que valoriza a cultura originária e o universo da protagonista criada por José de Alencar, com elementos visuais característicos da fauna e flora brasileira. “Para mim, é muito importante poder ilustrar a personagem principal e os outros personagens originários, porque pude incluir um pouco da minha cultura”, diz a artista. “Além disso, busquei transmitir, através dos traços, uma representação condizente dos corpos indígenas abordados na obra original, evitando a sexualização exagerada”, complementa. A adaptação do texto é assinada por Ivan Jaf, um dos maiores especialistas em adequar clássicos da literatura para formatos acessíveis, didáticos e instigantes.

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Ao todo, a coleção já reúne mais de 15 títulos de clássicos da literatura brasileira em HQ, todos publicados pela Editora Ática: A Escrava Isaura, Amar: Verbo Intransitivo, Macunaíma, Dom Casmurro, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Memórias de um Sargento de Milícias, Noite na Taverna, O Ateneu, O Cortiço, O Guarani, O Quinze, Senhora, O Alienista, Triste Fim de Policarpo Quaresma e Iracema. 

A coleção busca não apenas incentivar a leitura, mas também fortalecer a relação dos jovens com a arte e a cultura nacional. Os títulos selecionados para compor a campanha reúnem clássicos que moldaram o imaginário coletivo brasileiro. Em Iracema, por exemplo, os leitores podem ver traços e cores facilmente encontradas na Mata Atlântica, no clima tropical e no horizonte recheado de elementos e características próprias daqui. Além disso, a proposta dialoga com o crescente movimento de valorização das brasilidades no universo digital, especialmente entre o público da geração Z, que vem redescobrindo autores e símbolos do país. As HQs se tornam, assim, um instrumento pedagógico eficaz e atrativo para uso em sala de aula.

Do papel às redes: HQ é literatura, sim

A campanha da SOMOS propõe reflexões sobre o uso de novas linguagens no ensino da literatura. Em suas redes sociais, a editora vem estimulando o debate sobre a legitimidade do gênero HQ como forma de leitura e literatura, compartilhando dicas práticas para que professores incorporem os quadrinhos ao currículo de forma criativa, crítica e inovadora.

Para Laura Vecchioli, coordenadora de literatura e informativos do Editorial de Educação Básica da SOMOS Literatura, a campanha amplia o acesso à leitura e à cultura. “Contar histórias com palavras e imagens é uma forma poderosa de expressão literária. A narrativa gráfica pode carregar complexidade, simbologia, personagens densos e críticas sociais, tudo o que a boa literatura também faz”, defende ela. “Quando reconhecemos as HQ’s como literatura, ampliamos o olhar sobre o que é leitura e quem são seus leitores. E é exatamente isso que a SOMOS Literatura defende: uma literatura mais plural, acessível e conectada com as múltiplas formas de narrar e enxergar o mundo”, diz.

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