Alimento integral: nem milagre, nem vilão
Médico Rafael Coelho: será que tudo o que leva o selo “integral” no rótulo é mais saudável?
Com o aumento do interesse por uma alimentação mais equilibrada, os alimentos integrais conquistaram espaço nas prateleiras e nas escolhas de quem busca emagrecer. Mas será que tudo o que leva o selo “integral” no rótulo é realmente mais saudável? E, mais importante: os produtos integrais ajudam de fato no processo de perda de peso? É fundamental olhar para além das aparências e da embalagem. Muitas vezes, o que se vende como saudável pode esconder armadilhas nutricionais que comprometem os resultados desejados.
Integral ou refinado?
A principal diferença entre alimentos integrais e refinados está no processo de produção. Os integrais mantêm todas as partes do grão — farelo, gérmen e endosperma —, conservando fibras, vitaminas e minerais. Já os refinados passam por um processamento que remove as camadas externas, resultando em um produto mais pobre do ponto de vista nutricional. Essa maior presença de fibras nos integrais promove saciedade, melhora o trânsito intestinal e pode contribuir para o controle glicêmico. Isso, em um contexto alimentar equilibrado, favorece o emagrecimento. No entanto, é um erro acreditar que apenas substituir arroz branco por arroz integral, ou pão francês por pão integral, trará perda de peso de forma automática.
Ultraprocessados “integrais”
Um ponto pouco discutido é que muitos alimentos considerados integrais são, na verdade, ultraprocessados. Biscoitos, pães, bolos e barrinhas que levam o rótulo “integral” podem conter apenas uma pequena fração de farinha integral, além de grandes quantidades de açúcar, gorduras e aditivos. Para reconhecer um alimento realmente integral, é necessário observar a lista de ingredientes. O ideal é que a farinha integral venha em primeiro lugar. Quando isso não acontece, o produto pode até ter aparência saudável, mas seu impacto metabólico será semelhante ao de um produto refinado.
Mais ou menos calorias?
Uma curiosidade pouco conhecida é que alguns alimentos integrais têm mais calorias do que suas versões refinadas. Isso acontece porque, em certos casos, a adição de fibras vem acompanhada de maior teor de gorduras ou adoçantes. Um exemplo prático é o biscoito integral, que pode conter mais gordura vegetal e ser mais calórico do que um biscoito comum. Esse dado reforça a ideia de que o emagrecimento não depende apenas do tipo de farinha ou de grão, mas sim do valor energético total da alimentação e da sua composição ao longo do dia.
As fibras
Apesar dos mitos, as fibras dos alimentos integrais são, sim, aliadas importantes no emagrecimento. Elas ajudam a retardar a digestão, prolongam a sensação de saciedade e reduzem picos de glicose e insulina no sangue — o que contribui para controlar o apetite. Além disso, as fibras alimentam a microbiota intestinal, o que tem impacto direto no metabolismo e na regulação dos hormônios da fome. Contudo, para colher esses benefícios, é necessário consumir alimentos integrais em sua forma mais natural — como grãos, vegetais, frutas com casca, sementes e cereais minimamente processados.
Nem milagre, nem vilão
Alimentos integrais têm seu valor e podem fazer parte de uma estratégia de emagrecimento, mas não são soluções mágicas. O emagrecimento é resultado de um conjunto de fatores, como equilíbrio calórico, qualidade dos alimentos, prática regular de atividade física e sono adequado. Não basta trocar a versão refinada pela integral e continuar exagerando em quantidades ou escolhendo versões industrializadas pouco nutritivas. O olhar deve ser sempre para o todo. Afinal, emagrecer com saúde é mais sobre consistência e equilíbrio do que sobre rótulos.
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PALESTRA - O auditório do Centro Cultural Marcos Hacker de Melo (MHM) será palco da palestra “Reflexões sobre saúde mental”, da psicóloga, professora e escritora Adriana Moraes, na próxima terça-feira (29), às 19h30. Na ocasião, serão abordadas demandas da atualidade que vêm gerando impacto na saúde mental e trazer reflexões quanto à prevenção, com base na terapia cognitivo-comportamental. Através de um exemplo de uma pessoa fictícia, com a história de vida, as crenças desadaptativas que desenvolveu e de que forma ela poderia transformar essas adversidades em vantagens para a vida dela, será ensinado a identificar pensamentos disfuncionais, a contestar e ressignificar esses pensamentos e a autorregular as emoções. Os ingressos custam a partir de R$ 30,00.
PREFÁCIO - É de Cida Hacker de Melo, fundadora do Centro Cultural Marcos Hacker de Melo (MHM), o prefácio do livro “Parentalidade Poderosa – Comportamentos que podem potencializar a saúde mental do seu filho”, da psicóloga e professora, Adriana Moraes. A obra oportuniza uma consciência reflexiva e profunda das condutas familiares, além de orientar os pais sobre como ajudar os filhos a enfrentarem vulnerabilidades. O exemplar pode ser adquirido no Museu Store, no Centro MHM, em Boa Viagem. @institutomarcoshackerdemelo
CARUARU - A ONG Ponto e Vírgula realizou, no último sábado (26), a inauguração simbólica de sua futura sede em Caruaru, no bairro do Vassoural, próximo à UPA. A cerimônia marcou um momento importante na trajetória da organização, que atua há quase uma década com foco na saúde mental e na valorização da vida. Criada a partir de encontros informais e ações voluntárias, a Ponto e Vírgula se consolidou ao longo dos anos como referência na escuta ativa e no acolhimento emocional, especialmente de grupos em situação de vulnerabilidade, como mães atípicas, jovens e pessoas em sofrimento psíquico. A organização atua de forma autônoma e sem fins lucrativos, baseada em princípios como empatia, justiça social e cuidado coletivo. A nova sede contará com duas salas de atendimento, escritório, auditório e piscina. O espaço abrigará serviços gratuitos nas áreas de psicologia infantil e adulta, nutrição, assistência jurídica, psicopedagogia, terapia ABA, terapia ocupacional, além de atividades aquáticas como hidroginástica e natação. A previsão é de que os atendimentos psicológicos comecem a ser oferecidos ao público já na quinzena de agosto. Os demais serviços serão disponibilizados de forma gradativa, à medida que os ambientes forem sendo reformados com o apoio de doações. A sede da ONG Ponto e Vírgula está localizada na Rua Ivanildo Cordeiro de Souza, número 402, no Vassoural, em Caruaru.
Psicóloga alerta para os impactos silenciosos do divórcio na vida emocional das mulheres
“Cuidar de si mesma não é egoísmo, é sobrevivência. Só uma mulher emocionalmente assistida consegue, de fato, ser um porto seguro para seus filhos”, diz Erika Farias
Psicóloga: Erika Farias - Foto: Divulgação
Separar-se de um casamento envolve mais do que dividir bens ou redefinir a rotina. Para muitas mulheres, o divórcio representa o início de uma jornada de reconstrução marcada por perdas emocionais, impactos financeiros e uma sobrecarga afetiva que costuma passar despercebida. Enquanto lidam com o próprio luto da separação, muitas seguem sendo o pilar emocional dos filhos, sem parar para cuidar de si mesmas.
Segundo a psicóloga clínica, orientadora parental e especialista em coparentalidade, Erika Farias – também autora do livro Além da Separação -, essa realidade é comum, mas ainda pouco discutida. “A mulher que se separa muitas vezes precisa lidar com uma queda brusca no padrão de vida, recomeçar profissionalmente e, ao mesmo tempo, manter o equilíbrio emocional dos filhos. Isso tudo enquanto enfrenta julgamentos, solidão e a pressão para ‘dar conta de tudo”, esclarece.
A psicóloga ressalta ainda que esse acúmulo de responsabilidades pode gerar quadros de ansiedade, depressão e exaustão. “É como se ela tivesse que provar o tempo todo que é forte, capaz e que seus filhos estão bem — mesmo quando está emocionalmente devastada”, pontua. A chamada carga mental materna se intensifica no pós-divórcio, especialmente em casos em que não há divisão real de responsabilidades com o outro genitor.
Ao mesmo tempo em que vivenciam seus próprios sentimentos sobre a separação, as crianças e adolescentes buscam na mãe estabilidade e segurança emocional. “Elas muitas vezes se tornam o ponto de apoio afetivo dos filhos, mesmo quando estão fragilizadas. Essa inversão pode ser perigosa e reforça a necessidade de apoio psicológico para ambos”, explica a especialista.
Rede de apoio - Para a psicóloga, é urgente ampliar o debate sobre os impactos emocionais do divórcio na vida das mulheres. “Romper com a ideia de que a mãe precisa dar conta de tudo sozinha é o primeiro passo. Terapia, grupos de apoio, suporte familiar e o acolhimento por profissionais são ferramentas fundamentais nesse processo”, afirma. Ela finaliza com um alerta: “Cuidar de si mesma não é egoísmo, é sobrevivência. Só uma mulher emocionalmente assistida consegue, de fato, ser um porto seguro para seus filhos”, conclui.
Erika Farias - psicóloga clínica, orientadora parental e especialista em coparentalidade
Instagram: @erikafariaspsi
"Saúde e Bem-estar" é atualizada toda segunda-feira no Portal Folha de Pernambuco
Colaboração: jornalista Jademilson Silva
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@jademilsonsilva



