Descasque mais, desembale menos: por que repensar os ultraprocessados é urgente
O médico Rafael Coelho fala sobre a alimentação ultraprocessada e seus malefícios para a saúde

Uma nova série de estudos publicados na The Lancet traz um alerta que não pode mais ser varrido para debaixo do tapete: os alimentos ultraprocessados estão ocupando um espaço cada vez maior no prato das pessoas ao redor do mundo, e isso vem acompanhado de riscos significativos para a saúde. Não se trata de pânico, mas de reconhecer um padrão claro que já aparece em dezenas de pesquisas: quanto mais embalagens na rotina, maior tende a ser o acúmulo de doenças crônicas, especialmente a obesidade. Os ultraprocessados, afinal, foram criados para facilitar a vida, são práticos, saborosos, prontos para consumo e geralmente baratos.
Simplicidade - O problema emerge quando passam a substituir, diariamente, alimentos simples, minimamente processados, que fornecem fibras, nutrientes, saciedade e uma relação mais natural com a comida. A ciência tem mostrado repetidamente que dietas baseadas em produtos hiperpalatáveis e pobres em nutrientes favorecem o ganho de peso, alteram mecanismos de fome e saciedade e contribuem para inflamação crônica e desregulação metabólica. É verdade que muitos dos estudos sobre ultraprocessados são observacionais e, portanto, mostram associação, não causalidade direta. Ainda assim, é difícil ignorar o conjunto de evidências: em diferentes países, grupos populacionais e faixas etárias, quanto maior o consumo de ultraprocessados, maior a prevalência de obesidade e de seus desdobramentos. Não é apenas uma questão de calorias. É sobre composição, textura, aditivos, densidade energética, velocidade de consumo e até comportamento alimentar.
Vida moderna - Outro ponto relevante é que o avanço dos ultraprocessados não ocorre no vazio. Ele responde a um cenário moderno de pressa, jornadas longas de trabalho, alimentação fora de casa e facilidade de acesso. Em muitos casos, esse tipo de produto se torna a opção mais prática e, por vezes, a mais acessível. O risco não está em consumir um biscoito ou uma lasanha congelada eventualmente, mas em transformar esse padrão na regra do dia a dia. Quando isso acontece, os indicadores de saúde começam a refletir. Por isso, discutir ultraprocessados não precisa ser um debate sobre proibições ou culpas, mas sobre escolhas possíveis e equilíbrio.
Prato natural - A recomendação de “descasque mais e desembale menos” não é um slogan antiquado: é uma síntese de um conceito poderoso. Comer mais alimentos in natura ou minimamente processados, como: frutas, legumes, raízes, grãos, carnes frescas, preparações simples e significa reconectar-se com o básico da alimentação humana. São alimentos que alimentam de verdade, fornecem saciedade real e ajudam a regular o peso corporal de maneira natural. Quando o prato volta a ter comida de verdade, o corpo responde. A energia melhora, a fome fica estável, o peso tende a se equilibrar e a saúde se beneficia como um todo. No fim, a discussão sobre ultraprocessados é, sobretudo, um convite: olhar para o que estamos colocando no carrinho e no corpo. Em um mundo cheio de embalagens coloridas e promessas instantâneas, pode soar quase revolucionário escolher o simples. E, talvez, seja exatamente essa simplicidade que nos falta para viver e comer melhor.
Rafael Coelho é médico
@rafaelcoelhomed – www.rafaelcoelhomed.com.br
Fique Sabendo
Você conhece os benefícios da Fisioterapia Aquática?
A fisioterapia aquática oferece benefícios como alívio da dor, redução do inchaço (edema), melhora da amplitude de movimento, fortalecimento muscular e melhora da circulação sanguínea, além de benefícios psicológicos como redução do estresse e ansiedade. A água suporta o peso do corpo, diminuindo o impacto nas articulações, o que facilita os exercícios terapêuticos e a reabilitação de diversas condições, como lesões traumáticas, problemas neurológicos e pós-operatórios.

A fisioterapia aquática é indicada para uma ampla gama de pacientes, incluindo aqueles com dores articulares (artrite, artrose), limitações de movimento, lesões musculoesqueléticas, problemas neurológicos (AVC, paralisia cerebral, Parkinson). Segundo o fisioterapeuta Rogério Antunes, a fisioterapia aquática também beneficia pessoas em pós procedimento cirúrgico.
Em Pauta
Enucleação a laser da próstata (Holep) estreia na rede pública de Pernambuco
A técnica de enucleação a laser da próstata passa a integrar a rotina do Hospital Alfa, beneficiando pacientes encaminhados pela SES/PE
O avanço da medicina pública em Pernambuco ganhou um novo capítulo. A enucleação a laser da próstata, conhecida como Holep, deixa de ser apenas demonstrativa no SUS e passa a ser ofertada de forma regular. O procedimento foi realizado pela primeira vez no Hospital Alfa, em Boa Viagem, administrado pela Fundação Gestão Hospitalar (FGH), beneficiando dois pacientes encaminhados pela Secretaria Estadual de Saúde. A proposta é que a técnica seja incorporada à rotina da rede pública. A cirurgia foi conduzida pelo urologista Eugênio Lustosa.

A enucleação a laser é indicada para tratar a hiperplasia prostática benigna (HPB), condição comum em homens a partir dos 50 anos, marcada pelo aumento do tamanho da próstata. O crescimento pode causar dificuldade para urinar, jato fraco, aumento da frequência urinária e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga. “É uma condição benigna, que não se transforma em câncer, mas pode comprometer a qualidade de vida se não for tratada”, explica o urologista Eugênio Lustosa, que chefia a equipe responsável pelo procedimento.
Embora não seja cancerosa, a HPB pode ter sintomas semelhantes aos do câncer de próstata, o que torna o acompanhamento regular com o urologista essencial para diagnóstico preciso. Os principais exames incluem o toque retal, o PSA (antígeno prostático específico) e, quando necessário, exames de imagem. O tratamento pode envolver medicamentos, ajustes no estilo de vida ou intervenção cirúrgica nos casos em que há maior prejuízo funcional — como a técnica agora realizada pelo SUS.
O que é a enucleação a laser da próstata
A técnica utiliza um laser de alta precisão para remover o tecido prostático aumentado por via endoscópica, sem cortes externos. Por ser menos invasiva, tende a reduzir sangramentos, diminuir o tempo de internação e acelerar a recuperação quando comparada às cirurgias tradicionais. “Esse tipo de procedimento já é utilizado em centros de referência no exterior e vem se consolidando no Brasil, agora também no SUS. O objetivo é oferecer ao paciente um tratamento eficiente e com bons resultados clínicos”, afirma Lustosa. Além de ampliar as opções terapêuticas para os pacientes, a adoção da Holep representa um ganho para a urologia na rede pública, abrindo caminho para tecnologias antes restritas ao sistema privado. “Incorporar a técnica ao SUS e torná-la parte da rotina é um passo importante para ampliar o acesso a procedimentos de alta complexidade. Queremos garantir ao paciente um tratamento seguro, com menor risco e recuperação mais rápida”, reforça o urologista.
A Coluna "Saúde e Bem-estar" é atualizada semanalmente no Portal Folha de Pernambuco
Colaboração: jornalista Jademilson Silva
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@jademilsonsilva



