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Saúde e bem-estar

Quando o corpo entra em colapso pelo calor: os riscos reais da insolação

Quando a insolação não é tratada de forma rápida e adequada, o risco de morte é real

Dicas práticas para evitar a insolaçãoDicas práticas para evitar a insolação - Canva

Depois do artigo sobre hidratação, muitas pessoas perguntaram se desidratação e insolação seriam a mesma coisa. Embora estejam relacionadas ao calor e à perda de líquidos, são condições diferentes e essa distinção é fundamental, porque a insolação é uma emergência médica que pode, sim, levar à morte se não for tratada rapidamente.

Desidratação - A hidratação está ligada ao equilíbrio de líquidos no organismo. Quando esse equilíbrio se rompe, surge a desidratação, que pode ser leve, moderada ou grave. Já a insolação, também conhecida como golpe de calor, acontece quando o corpo é submetido a calor excessivo por tempo prolongado e perde a capacidade de regular a própria temperatura. Nessa situação, a temperatura corporal pode ultrapassar os 40 °C, desencadeando uma reação em cadeia que compromete órgãos vitais como cérebro, coração, rins e fígado.

Insolação - Na insolação, o organismo entra em colapso térmico. O mecanismo natural de resfriamento, que é o suor, deixa de funcionar adequadamente. Com isso, o calor se acumula rapidamente no corpo. Diferentemente da desidratação simples, a insolação não é apenas falta de água: é uma falha grave da termorregulação. Ela pode ocorrer tanto pela exposição direta ao sol quanto em ambientes fechados, quentes e mal ventilados, especialmente quando há esforço físico intenso.

Sintomas - Os sintomas costumam surgir de forma progressiva e não devem ser ignorados. Dor de cabeça forte, tontura, náuseas, vômitos, confusão mental, dificuldade para falar, comportamento estranho e perda de consciência são sinais de alerta importantes. A pele geralmente fica quente, avermelhada e seca. Em relação à pressão arterial, o mais comum é que ela caia, especialmente nos estágios mais avançados, devido à vasodilatação e à desidratação associada. Essa queda pode levar a choque circulatório, o que explica por que a insolação é potencialmente fatal. Em alguns momentos iniciais, pode haver elevação transitória da pressão, mas a evolução tende à instabilidade e à hipotensão.

Quando a insolação não é tratada de forma rápida e adequada, o risco de morte é real. A hipertermia prolongada pode causar edema cerebral, arritmias cardíacas, falência renal e distúrbios graves da coagulação. Por isso, qualquer suspeita deve ser encarada como urgência.

Como agir - Ao identificar um possível quadro de insolação, a primeira atitude é retirar a pessoa imediatamente do calor, levando-a para um local fresco e ventilado. Em seguida, deve-se iniciar o resfriamento do corpo com compressas frias ou panos úmidos, especialmente em áreas como cabeça, pescoço, axilas e virilhas. Se a pessoa estiver consciente, pode-se oferecer água em pequenos goles. Caso haja confusão mental, sonolência excessiva, convulsões ou perda de consciência, não se deve oferecer líquidos por via oral, e o serviço de emergência deve ser acionado sem demora.

Se ocorrer perda de consciência, é essencial verificar respiração e pulso. Na ausência de respiração, as manobras de reanimação cardiopulmonar devem ser iniciadas imediatamente até a chegada do atendimento especializado. Mesmo quando há melhora aparente, a avaliação médica é indispensável, pois as complicações da insolação podem se manifestar horas depois do episódio inicial.

Prevenção - A prevenção é sempre o melhor caminho. Manter hidratação adequada ao longo do dia, evitar exposição ao sol nos horários mais quentes, usar roupas leves e claras, proteger a cabeça e respeitar os limites do corpo durante atividades físicas são medidas básicas, mas extremamente eficazes. Crianças, idosos, gestantes, pessoas com doenças crônicas e quem faz uso de determinados medicamentos precisam de atenção redobrada.

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Rafael Coelho é médico - @rafaelcoelhomed | www.rafaelcoelhomed.com.br



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Livro "A Dieta de Cristo" é lançado pela editora Chave Mestra

Marcelo Bonanza propõe uma dieta mais natural na sua mais recente obra

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A saúde intestinal como chave para mais qualidade de vida

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Manter o intestino funcionando bem vai muito além do conforto físico: está diretamente relacionado à saúde geral e ao bem-estar. Cada vez mais estudos mostram que o trato digestivo exerce influência sobre imunidade, disposição, humor, absorção de nutrientes e até prevenção de doenças crônicas. Para a nutricionista Alessandra Macedo, especialista em Nutrição aplicada à gastroenterologia, cuidar da saúde intestinal deve ser uma prioridade diária.

Segundo Alessandra, o intestino é um dos órgãos mais importantes para o equilíbrio do corpo. “Ele é responsável por grande parte da nossa resposta imunológica, pela absorção dos nutrientes que sustentam nossas funções vitais e também pela produção de hormônios que impactam na saúde mental, como a serotonina”, explica. Por isso, quando o intestino não funciona adequadamente, todo o organismo sente. A especialista destaca que hábitos simples, quando incorporados à rotina, podem transformar esse cenário. O consumo adequado de fibras, hidratação diária, variedade alimentar e redução de ultraprocessados são pilares fundamentais. “O intestino precisa de movimento e diversidade. Quanto mais colorido for o prato, maior será o aporte de vitaminas, minerais e compostos bioativos que favorecem a microbiota intestinal”, afirma.

Outro ponto de atenção é estar focado aos sinais do corpo. Desconforto abdominal frequente, constipação, diarreia, gases em excesso, intolerâncias alimentares e alterações na rotina intestinal não devem ser normalizados. “Esses sintomas podem indicar desde desequilíbrios simples até condições mais sérias, como Doença Inflamatória Intestinal (DII) ou Síndrome do Intestino Irritável”, ressalta Alessandra. O acompanhamento profissional é fundamental para diagnóstico, orientação nutricional e tratamento adequado.

A nutricionista lembra que alimentação equilibrada e suporte especializado têm impacto direto na qualidade de vida de quem convive com distúrbios gastrointestinais. “A nutrição aplicada à gastroenterologia traz estratégias personalizadas que ajudam a reduzir desconfortos, controlar crises e melhorar a relação do paciente com o próprio corpo. Quando o intestino funciona bem, o bem-estar se torna mais acessível”, conclui.

Sobre a especialista
Alessandra Macedo é nutricionista especializada em Gastroenterologia, com atendimento presencial e online no Recife. Atua no acompanhamento clínico de pacientes com distúrbios gastrointestinais, Doença Inflamatória Intestinal (DII) e outras condições do trato digestivo. Graduou-se em Nutrição pela UniSãoMiguel e tem pós-graduação em Nutrição Clínica e Hospitalar (FAFIRE) e em Gastroenterologia Aplicada à Nutrição Clínica (PRATIENSINO). Além disso, integra o Conselho Científico da DII Brasil e, em 2023, foi homenageada pelo seu trabalho dedicado ao cuidado de pessoas com DII.


 

A Coluna "Saúde e Bem-estar" é atualizada semanalmente no Portal Folha de Pernambuco
Colaboração: jornalista Jademilson Silva
[email protected]
@jademilsonsilva

 

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