Dor de cabeça: quando saber se o sintoma pode ser algo mais sério?
Neurocirurgião alerta que “a automedicação é absolutamente contra indicada”
Dor de cabeça é uma das queixas mais comuns nos consultórios e pronto-atendimentos de todo o mundo. Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que quase 90 % da população mundial deve sentir algo parecido pelo menos uma vez na vida.
Porém, nem sempre o incômodo é apenas um sintoma passageiro. Em alguns casos, ele pode sinalizar doenças mais complexas, como infecções, alterações neurológicas e até mesmo um acidente vascular cerebral (AVC).
Segundo o neurocirurgião Antônio Marco, do Hospital Jayme da Fonte, existem “dezenas de tipos de dor de cabeça catalogados”, divididos em dois grandes grupos: primárias (quando a dor de cabeça é a própria doença) e secundárias (quando a dor é sintoma de outra patologia).
“Dentre as dores de cabeça primárias, nós temos, mais comumente, a cefaléia tensional, a migrânea [enxaqueca] e a cefaléia em salvas [dor intensa de um lado da cabeça, localizada na têmpora ou em volta do olho, que dura pouco tempo]. Já as cefaléias secundárias são produzidas por um processo infeccioso como sinusite, meningite ou tumores intracerebrais”, explica o médico.
Diferenças
A dúvida mais comum dos pacientes envolve justamente a capacidade de identificar se a dor indica um risco maior para o indivíduo. Antônio Marco explica que, em todos os casos, o diagnóstico definitivo sempre cabe ao médico.
“Pelo tipo de dor de cabeça, frequência, intensidade, localização, como se inicia e como termina, o médico é capaz de identificar que tipo é e, consequentemente, estabelecer a terapia ideal para aquele paciente”, esclarece. Além disso, exames complementares podem ser solicitados para descartar outras patologias.
Antônio Marco, neurocirurgião do Hospital Jayme da Fonte. Foto: Arthur Botelho/Folha de Pernambuco.O neurocirurgião destaca que não existe um tratamento padrão, mesmo para dores de cabeça que “parecem” ser do mesmo tipo.
“Lembrando sempre que, mesmo que às vezes pareça um mesmo tipo de dor de cabeça, o tratamento não é o mesmo de um paciente para outro. Não existe uma receita de bolo e isso precisa ficar claro”, alerta o neuro.
Prevenção
Ainda segundo o especialista, em muitos casos, é possível prevenir o quadro clínico de acordo com os sintomas e estabelecer qual é o tipo de dor de cabeça.
“Uma das dores de cabeça mais frequentes em grandes centros urbanos é justamente a tensional, que está correlacionada, geralmente, com o estresse psicogênico, as posições não anatômicas e repetitivas que o paciente vê televisão, por exemplo, e que muitas vezes é confundida com enxaqueca”, cita o cirurgião.
Tratamento
O tratamento varia conforme a intensidade e a frequência das crises. Mas o neurocirurgião faz um alerta: “a automedicação é absolutamente contraindicada”.
“Muitas vezes são usados, por exemplo, uma classe de remédios que são os triptanos, que tem indicação apenas para as migrâneas e às vezes para as cefaléias em salvas, mas que não é um analgésico. E aí o paciente que está tomando aquele ‘analgésico’, quando ele tem outro tipo de dor de cabeça, não funciona. Ou seja, ele acha que ‘o corpo dele se acostumou, se habituou’ àquele remédio, que na realidade nem sequer é um analgésico”, explica o especialista.



