'Em nome do desejo', último espetáculo dirigido por Antonio Cadengue, estreia temporada
Adaptação do romance do escritor João Silvério Trevisan, 'Em nome do desejo', volta aos palcos após mais de 20 anos de sua primeira montagem
"Em nome do desejo" entra em cartaz no Teatro Barreto Júnior, no bairro do Pina, com sessões aos sábados e domingos, sempre às 20h, até 23 de setembro. O espetáculo foi um dos primeiros e mais exitosos trabalhos da Companhia Teatro de Seraphim, fundada pelo diretor e dramaturgo Antonio Cadengue. Mais de 20 anos depois, o encenador resolveu revisitar o espetáculo, desta vez, em parceria com a Galharufas Produções.
Cadengue trabalhava em uma nova versão da peça, prestes a estrear, quando não resistiu a um infarto e morreu, aos 64 anos, em 1º de agosto. Ainda se recuperando da perda, o elenco leva adiante o sonho do diretor de ver a montagem nos palcos. O espetáculo é uma adaptação de um romance homônimo do escritor paulista João Silvério Trevisan. Na trama, um homem volta ao seminário onde estudou há 25 anos, relembrando o tórrido caso de amor que viveu com outro seminarista.
"Uma das coisas que nos moveu a resgatar essa peça foi poder falar de amor numa época como essa, cheia de dedos e proselitismo", afirma o ator e produtor Taveira Junior, que interpreta Ticão, o protagonista da história. Assim como Edinaldo Ribeiro, ele é um remanescente do elenco da primeira montagem da obra, de 1990. Ao todo, são 15 atores na nova equipe.
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Quem também está em cena é o filho do ator, Miguel Taveira, que vive o mesmo personagem, só que mais jovem. "Agradeço muito a Cadengue por ter me dado esse presente. Poder dividir a cena com seu filho e ver nele o seu retrato é uma sorte impagável", celebra. O público acompanha por meio de flashbacks o jovem Tiquinho em seu despertar sexual, dividido entre os dogmas religiosos e o sentimento que nutre por Abel (Vinicius Barros).
"Estamos falando de saudade, amor e memória. O mote é homoafetivo, mas a peça é para ser vista por pessoas de qualquer orientação sexual, porque esses são temas universais. Não é uma obra segmentada para o público gay", defende.
Segundo Taveira, embora os elementos centrais sejam os mesmos, as duas versões do espetáculo carregam várias diferenças. "A lapidação do ator foi mais seca. Cadengue dizia que queria chegar mais perto do real e menos leve do que a montagem anterior", aponta.
A ideia era iniciar uma trilogia com "Em nome do desejo". Batizada de "Trilogia do amor juvenil", a série contaria ainda com montagens de "O despertar da primavera", de Frank Wedekind, e "Romeu e Julieta", de William Shakespeare. Voltar aos ensaios após a morte do diretor, ainda de acordo com Taveira, foi uma tarefa difícil para toda a equipe.
"Parecia que faltava alguma coisa. Nos primeiros dias, o clima era sem graça, com todos ainda meio mudos. Mas a vontade de levar adiante o legado dele nos fez seguir em frente", conta.
Serviço:
Espetáculo "Em nome do desejo"
sábados e domingos, às 20h, até 23 de setembro
Teatro Barreto Júnior (rua Estrada Jeremias Bastos, s/n, Pina)
R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada)
Informações: (81) 3355-6398

