Filme sobre a cantora Elza Soares é exibido no Cinema São Luiz
Documentário 'My name is now, Elza Soares' tem sessão de pré-estreia nesta segunda-feira (26), com a presença da diretora Elizabete Martins Campos
Em atividade desde a década de 1950, a cantora Elza Soares vive, mais recentemente, um novo momento em sua carreira. Antes rechaçada por ser uma mulher negra em um ambiente elitista e machista, ela finalmente encontrou reconhecimento e hoje é símbolo de resistência.
Neste momento, sua trajetória é a base de uma peça musical e um livro recém-lançado escrito pelo jornalista Zeca Camargo - ambos intitulados "Elza" - e um documentário chamado "My name is now".
Com uma trajetória em festivais por todo o País, o filme chega, na segunda-feira (26), ao Recife, em pré-estreia no Cinema São Luiz, às 19h30, entrando em cartaz a partir desta quinta-feira. Na sessão de hoje, estará presente a diretora da obra, Elizabete Martins Campos. "Para mim, é uma honra estrear o filme em Pernambuco, uma referência de cinema. E poder não só apresentar o documentário, mas estabelecer uma troca e estar à disposição para conhecer novos projetos", diz a cineasta.
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Denominado pela própria diretora como uma experimentação audiovisual, "My name is now" é permeado somente pela voz de Elza Soares, seja no canto ou em suas declamações de vida. Sim, pois seus discursos são tão fortes que não há como classificá-los simplesmente como afirmações ou declarações. "As falas têm vários recortes. Algumas são espontâneas e outras foram em criação colaborativa, pois havia muitas informações que se perderiam se só contassem com a memória", explica.
O percurso para concluir o documentário foi longo. O convite foi feito em 2008, quando ocorreram as primeiras filmagens. E Elizabete Martins Campos seguiu sozinha nesse processo até 2012 quando o projeto passou a ser compartilhado em equipe. "Da concepção até o resultado final, foi surpreendente ver como a obra foi tomando outros rumos. Como antes, pensava em algo grandioso, com Elza sendo acompanhada por uma orquestra, e o improviso acabou tomando conta, como na abertura e no fechamento do filme."
No documentário, após um preâmbulo de quase 10 minutos, no qual o canto de Elza Soares vai ocupando seu lugar, o crédito inicial já revela o que está por vir: Elza "nua e crua". E assim, ela vai começando seus relatos, enumerando cada gênero musical pelo qual foi transitando, até em um dado momento finalizar: "Sou tudo. Sou nada".
Suas dores, cada pancada e humilhações que sofreu ainda estão cravadas na memória de uma mulher na casa dos 80 anos. Mas se o tempo lhe deu dores, também lhe ofertou resiliência.
E assim, o filme toca em assuntos já conhecidos na vida da cantora, como seu amor pelo jogador de futebol Garrincha e sua maior perda, a dos filhos, em especial a de Garrinchinha, que morreu aos oito anos de idade.
A artista fala sobre a revolta e a raiva que a tomaram, e como isso a afetou a ponto de subir o morro com a finalidade de comprar drogas. Em seguida, entoa a música "Samba triste", de sua composição, "um samba feito de lamento e saudade", como diz um dos versos.
Inclusive, a primeira vez que ela gravou a canção foi para o documentário. Essa passagem é rápida, mas há tanta intensidade, palavras tão fortes, que ir além para explorar o assunto seria fazê-la perder a força.
De antemão, um aviso. Não espere um documentário explicadinho, cronológico. A obra dá pouco acesso a fatos da vida da cantora - a fim de saber o que aconteceu, onde e como -, mas dá amplo acesso à sua alma. Para quem está sempre recomeçando, o título não poderia ser melhor para o filme, e para a própria Elza Soares: "My name is now".
Cotação: bom
Serviço:
Pré-estreia de "My name is now"
Na segunda-feira, 26 de novembro, às 19h30
No Cinema São Luiz (rua da Aurora, 175, Boa Vista)
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)

