História de Sergio Vieira de Mello é eternizada por pernambucano
Wagner Sarmento lança nesta segunda (27) o livro e o documentário que produziu em parceria com André Zavarize, contando a história do brasileiro que foi assassinado em Bagdá, em agosto de 2003
Um exemplo para conhecer e se orgulhar. É essa a descrição que o jornalista pernambucano Wagner Sarmento faz de Sergio Vieira de Mello, o brasileiro que trabalhou por três décadas na Organização das Nações Unidas (ONU) e foi assassinado em 19 de agosto de 2003, aos 55 anos, durante um atentado a bomba em Bagdá, no Iraque, junto com outras 21 pessoas.
Wagner está lançando nesta segunda-feira (27) o livro e documentário "Sergio Vieira de Mello - O legado de um herói brasileiro". O prefácio do livro foi escrito pelo político e jurista timorense José Ramos-Horta, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1996. Após o lançamento, a obra será comercializada em livrarias físicas e pela internet pelo valor de R$ 49.
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Realizado conjuntamente com o produtor André Zavarize, que foi o idealizador da proposta, o projeto levou quase dois anos para ser concretizado. "Fizemos mais de cem entrevistas e percorremos 70 mil quilômetros. Fomos ao Camboja, ao Timor Leste, ao Vietnã... Tínhamos uma data-limite, que era o aniversário de morte dele, em 19 de agosto. O resultado é que pudemos perceber como Sergio ainda vive, seja nos lugares que ele transformou por meio de sua atuação, seja nas pessoas que vêm se inspirando na história dele para ajudar populações miseráveis", conta Wagner.
Repórter com experiência em televisão e em jornais impressos, Wagner conheceu André Zavarize em 2016, quando esteve no Rio de Janeiro para participar de um curso de jornalismo em áreas de conflito. "O treinamento é realizado pelo Centro de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), que foi rebatizado como Centro Sergio Vieira de Mello. Eles formam tanto militares como civis para atuar no ambiente de guerra", relembra Wagner.
A relação entre os dois se afinou e André, que já organizava o projeto há cinco anos, resolveu convidar Wagner para dividir o processo. "Eu escrevi o livro, e o documentário foi produzido e dirigido pelos dois", conta. A partir das imagens coletadas durante as viagens, foi montada também uma exposição fotográfica no Café Castigliani.
"Os brasileiros costumam venerar artistas e atletas, e deixam de lado pessoas como Sergio, que é um cara mega reconhecido internacionalmente, um dos maiores brasileiros do século passado. Ele mediou os principais conflitos do mundo na segunda metade do século passado, esteve presente em crises humanitárias, guerras, o que você imaginar. Entrou na ONU em 1969 e já na década de 1970 atuou em Moçambique, na época da descolonização da África. Ajudou na repatriação dos refugiados moçambicanos, a maior de que a organização já participou até hoje. Também participou de questões no Oriente Médio, em Israel e Palestina, no Líbano... Atuou no Vietnã e no Camboja, no pós-guerra, quando um milhão de refugiados estavam fora de suas casas", relata.
Uma das maiores emoções da dupla foi conhecer o Timor Leste. "Este é o maior case de sucesso da ONU. Sergio governou o país, foi o administrador do período de transição do Timor Leste. Quando ele recebeu o país, ele estava com mais de 90% da infraestrutura destruída. Não tinha prédios públicos, hospital, escola, universidade. Não tinha sistema político, nem jurídico e nem Exército. Então, a gente poder voltar lá e encontrar um país que ostenta os melhores índices de democracia da região, é algo realmente extraordinário", frisa.
A última missão de Sergio teve a ver com o atentado de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Após o país declarar guerra ao Iraque, Sergio e outros representantes da ONU estavam em Bagdá para uma negociação, quando foram vítimas de uma bomba. A organização extremista Al Qaeda assumiu a responsabilidade pelo ocorrido e afirmou que Mello era, sim, o alvo principal do ataque.
O ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, costumava dizer que Sergio era "a pessoa certa para resolver qualquer problema". Depois da sua morte, o dia 19 de agosto foi instituído como o Dia Mundial da Ação Humanitária.
Serviço:
Lançamento de "Sergio Vieira de Mello - O legado de um herói brasileiro", de André Zavarize e Wagner Sarmento
Editora Olhares, 186 páginas
Preço: R$ 49
Quando: hoje, a partir das 19h
Onde: Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (rua Henrique Dias, 609, Derby)
